Arquivo de Abril, 2012

30
Abr
12

«CAMALEÃO« FREITAS VOLTA A FAZER NOVA «PIRUETA» NO CASO CAMARATE; EANES TAMBÉM APONTOU PARA ATENTADO

Em entrevista à TVI, Freitas do Amaral acredita que a confissão de Farinha Simões sobre o envolvimento no «caso Camarate» deve ser ouvida com atenção e que deve ser aberta uma nova comissão de inquérito por parte da Assembleia da República. Ver em:
http://www.tvi.iol.pt/videos/13618185

 

«A Assembleia da República já devia ter criado uma nova comissão de inquérito ao acidente de Camarate, porque na legislatura anterior foi criada uma comissão para realizar algumas investigações, que a própria Assembleia da República declarou que faltava fazer», disse o antigo governante.

Freitas era vice-primeiro-ministro na altura e acredita que a queda do avião que transportava Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa está relacionada com o tráfico de armas e munições para a guerra Irão-Iraque.

 Especialista em «piruetas» políticas , convém lembrar que em 12 de Dezembro de 1980,ou seja,uma semana depois do atentado,  uma nota oficiosa do governo presidido por Freitas do Amaral, dizia o seguinte:“Os resultados até agora obtidos constituem por si razões suficientes para justificar o acidente”.Em Novembro de 2010, Freitas publicou um livro no qual afirmava “Estão a encobrir algo sobre atentado de Camarate”. O interessante é que 30 anos depois uma pessoa que devia ter tido um papel decisivo, na altura, para o apuramento da verdade, era ministro e dirigente do CDS, venha agora levantar novamente o assunto pondo-se do lado da tese do «atentado».O que fez Freitas do Amaral ao longo destes anos para esclarecer o caso de uma forma cabal? Por que começou logo na altura da morte de Sá Carneiro a avançar com a tese de acidente,evoluindo,como os camaleões, para outras «nuances», acabando por se pôr ao lado daqueles que defendem que o antigo primeiro-ministro e o seu ministro da Defesa foram vitimas de um homicídio, como se veio agora a comprovar através da confissão de Farinha Simões ( ver neste blogue, um dos primeiros a revelar esse documento).

Também em 27 de Novembro de 1990, em entrevista ao semanário «O Diabo» ( uma entrevista realizada pelos jornalistas José Leite e Maria da Luz  que esgotou o jornal pela primeira e única vez na sua longa história), Ramalho Eanes já tinha levantado as suspeitas, ao afirmar: «Camarate pode ter sido mais do que um acidente», sublinhando não ter havido rigor nem seriedade nas investigações oficiais.Vejamos o que o antigo presidente da República, eleito em confronto directo com o candidato apoiado por Sá Carneiro, referiu sobre este tema, palavras de grande actualidade:

«Sempre entendi que as investigações deviam ser feitas o mais rapidamente possível e aprofundadas exaustivamente.Rapidamente,porquê?Entendo que a memória de Sá Carneiro pesa no imaginário nacional.Essa imagem deve ser tanto clara quanto possível e não deve estar sujeita a dúvidas.Por outro lado, acho que a imagem do sr. Sá Carneiro deve ser um elemento de união entre os portugueses e não de divisão.E a união não poderia ser conseguida enquanto subsistissem suspeitas sobre o que aconteceu em Camarate.A minha principal preocupação foi a de não ter qualquer interferência no inquérito, de nunca o comentar, nem comentar sequer telegramas que recebi em que os peritos se tinham deslocado a Portugal se recusaram a voltar.Sempre entendi ser negativa a exploração da morte de Sá Carneiro.É um morto de dimensão e prestígio nacionais e isso deveria ser devidamente salvaguardado.Na altura especulou-se sobre a quem aproveitaria a sua morte. Eu disse que havia pelo menos uma pessoa a quem não aproveitaria: era eu.O dr. Sá Carneiro era o meu principal adversário e quando se trava uma batalha eleitoral, com frontalidade e ardor, como era aquela campanha presidencial, ganhá-la sem ter o adversário principal é uma vitória sem brilho.Fui um dos indivíduos que mais pagou pela morte de Sá Carneiro, devido às insinuações que posteriormente foram feitas.Foram descabidas, desajustadas e injustas».

COLABORADOR DE EANES E HOMEM DA PJ «ENTALA« BALSEMÃO

Curioso que na altura em que foi presidente da República, em 1980, Eanes tivesse como um dos seus colaboradores  no palácio de Belém um  dos homens que Farinha Simões  acusa de envolvimento no atentado de Camarate: o major Lencastre Bernardo que exercia as funções de responsável pelas autarquias.Nessa entrevista a o Diabo, Ramalho Eanes chega a admitir que Bernardo mantivesse relações com elementos da PJ, ele que fora sub-director da corporação ( ver o que refere Farinha Simões  sobre o «papel« de Lencastre Bernardo na «conspiração»: «Em 1981, uns meses depois do atentado, eu e o José Esteves fomos ter com o Major Lencastre Bernardo, na Polícia Judiciária, na Rua Gomes Freire. Com efeito, tanto o José Esteves como eu, andávamos com medo do que nos podia suceder por causa do nosso envolvimento no atentado de Camarate, e queríamos saber o que se passava com a nossa protecção por causa de Camarate. Eu não participo na reunião, fico à porta. Contudo José Esteves diz-me depois que nessa conversa Lencastre Bernardo lhe referiu que, numa anterior conversa com Francisco Pinto Balsemão, este lhe havia dito ter tido conhecimento prévio do atentado de Camarate, pois em Outubro de 1980, Kissinger o informou de que essa operação ia ocorrer. Disse-lhe também que ele próprio tinha tido conhecimento prévio do atentado de Camarate. Disse-lhe ainda que podíamos estar sossegados quanto a Camarate, pois não ia haver problemas connosco, pois a investigação deste caso ia morrer sem consequência».

É verdade.Mais de trinta anos depois da morte de Sá Carneiro,a investigação ( se é que a houve de forma rigorosa) morreu sem consequências,os responsáveis políticos levantam periodicamente o caso em busca de dividendos políticpos.Razão tem o antigo deputado do CDS, Narana Coissoró, que presidiu a uma comissão de inquérito sobre a tragédia de Camarate, ao afirmar: “Dá para fazer barulho, e tem, em certo sentido, aquilo que o povo gosta: as pessoas falam mal deste e daquele, o nosso desporto nacional”.

 
29
Abr
12

ANES: «HOUVE EXPLOSÃO EM CAMARATE»

José Manuel Anes, químico, ex-director do Laboratório de Polícia Científica (o ‘CSI’ de Lisboa),  ex-presidente do Observatório para a Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo e ex-Grão-Mestre da Maçonaria portuguesa, confessa à jornalista Miriam Assor, do Correio da Manhã, que houve explosão em Camarate e que foi «uma atitude errada» arquivar o caso que liquidou Sá Carneiro.Vejamos se a anunciada X Comissão de Inquérito à morte de Sá Carneiro trará novos desenvolvimentos ao caso,  um dos quais, naturalmente se reporta à confissão que este «blogue« publicou feita por um dos autores confessos do homicídio:
– O doutor, que coordenou a Equipa de Peritos no ‘Caso Camarate’ de 1986 a 1996, suspeita qual foi a razão do processo ter sido arquivado?

– Bem, a razão em si, não sei, mas penso que houve uma atitude errada. Os exames foram avaliados pelo Laboratório de Polícia Científica da PJ e confirmados por um laboratório inglês, que, estranhamente, passados uns três meses do primeiro exame e relatório, veio dizer o contrário. Esse é um mistério, mas não me cabe desvendá-lo. Creio que a História esclarecerá um dia por que é que mudaram de posição.
– De nada pesou ter defendido a hipótese de atentado…

– Pois… Mas esta é a minha convicção sob o ponto de vista químico, porque foram detectados elementos que indiciam uma explosão que não seria um grande rebentamento, mas uma explosão localizada com o objectivo de destruição.
Toda a Entrevista aqui: http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/outros/domingo/jose-manuel-anes-serei-macon-ate-morrer

28
Abr
12

BILDERBERG CONSPIROU ATENTADO DE CAMARATE. «BALSEMÃO TEVE CONHECIMENTO ANTECIPADO»…

 Duas semanas depois de ter sido publicada neste blogue ( a 10 de Fevereiro)  a confissão de  Farinha Simões como operacional envolvido no Caso Camarate, as principais televisões e o «Correio da Manhã» de hoje, sábado, resolveram dar grande impacto ao testemunho. Provavelmente, depois de se ter dado como seguro que a Assembleia da República vai avançar com mais uma Comissão de Inquérito aos acontecimentos que culminaram na trágica morte de Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa na noite de 4 de Dezembro de 1980.Essa confissão de cumplicidade na autoria do atentado foi obtida na prisão de Vale de Judeus  onde Farinha Simões cumpre seis anos e meio de prisão por agressões, ameaças à jornalista e sequestro da apresentadora da TV, Margarida Marante, com quem manteve uma atribulada relação. O texto da contrição foi passado ao amigo e cúmplice na operação de assassínio do então primeiro-ministro e dos que o acompanhavam no Cessna, José Esteves, bombista confesso, bruxo nas horas vagas, ex activista dos CODECO no Verão Quente de 75, antigo guarda costas de Freitas do Amaral, «and so on», que numa entrevista à extinta revista «Focus«, chegou também ele a confessar a autoria do atentado que vitimou Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa.

Curiosamente, apesar de divulgarem nomes de várias individualidades alegadamente envolvidas na conspiração, as televisões e o «CM» passam em claro o nome daquele que Farinha Simões considera ser dos principais suspeitos no caso, Francisco Pinto Balsemão. No caso da SIC ainda se entende, dado Balsemão ser o «boss» da estação, mas o mesmo não se entende no que concerne à TVI e ao matutino, o qual, chega a citar as acusações feitas ao antigo embaixador dos EUA, Frank Carlucci, o responsável pela PJ militar, Lencastre Bernardo ou o Major Canto e Castro. Principalmente, quando se sabe que Balsemão sucedeu a Sá Carneiro como primeiro-ministro  e quando, é Farinha Simões que o diz, «teria tido conhecimento antecipado do que estava a ser preparado, por via das suas ligações ao Grupo Bilderberg», dado que o então chefe do executivo e o seu ministro da defesa eram empecilhos aos planos em curso para incrementar o tráfico de armas à escara mundial, principalmente a países alvo de embargo, como era então o caso da Nicarágua, Irão e Iraque.

Eis a transcrição dessa parte da carta divulgada por Fernando Farinha Simões, cujo conteúdo integral pode ser visto no texto publicado neste blogue no passado dia 10 Fevereiro :

«José Esteves diz-me depois que nessa conversa Lencastre Bernardo lhe referiu que Francisco Pinto Balsemão lhe havia dito ter tido conhecimento prévio do atentado de Camarate, pois em Outubro de 1980, Kissinger o informou de que essa operação ia ocorrer.( N do Crimedigoeu : num texto publicado pelo jornal «Público» em 4 de Outubro de 2002, Francisco Pinto Balsemão admite ter participado num almoço, em 1980, com o ex-secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger, apesar de reiterar que não se lembra de o ter feito.«Depois de no início da semana — perante a comissão parlamentar de inquérito a Camarate — ter afirmado não se lembrar do encontro, hoje, em carta enviada aos deputados, Pinto Balsemão explica que, afinal, o encontro deverá ter-se realizado», refere o matutino, citando as palavras do antigo primeiro-ministro.Transcrevemos o que foi escrito pelo jornal:“Apesar de continuar a não me recordar de ter estado com ele, a minha mulher, que tem melhor memória do que eu, garante-me que voltámos do Alvor [onde ela me tinha acompanhado], no sábado, 15 de Novembro, a tempo de eu participar num almoço que o primeiro-ministro, dr. Francisco Sá Carneiro, oferecia ao dr. Kissinger”, lê-se na carta.

Na missiva, o antigo primeiro-ministro admite ainda ter estado no almoço “porque alguns jornais de então” — cujas cópias anexa à carta — mencionam o seu nome “entre os convidados”.

Na terça-feira, o actual patrão da SIC (que em 1980 era ministro-adjunto de Francisco Sá Carneiro) disse não se lembrar da sua participação num encontro com Kissinger, Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa.

Em anteriores audições na comissão de inquérito, o antigo espião da CIA (serviços secretos norte-americanos) Oswald Le Winter afirmou que, “aos olhos de Henry Kissinger”, Francisco Sá Carneiro “era um inimigo”, embora tivesse também adiantado não ter provas sobre o envolvimento do ex-secretário de Estado norte-americano na tragédia de Camarate.

Le Winter chegou mesmo a afirmar que a oposição de Francisco Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa a que Portugal fosse um ponto de passagem para o fornecimento de armas dos EUA para o Irão terá estado na origem da morte de ambos na noite de 4 de Dezembro de 1980.

Pinto Balsemão começou por dizer, no início da semana, que não se lembrava da vinda de Henry Kissinger a Portugal, tendo pedido aos deputados que especificassem a data e o âmbito da visita.

Os parlamentares adiantaram que o encontro se deu no Alvor (Algarve) a 15 de Novembro de 1980 numa cimeira sobre Defesa e assuntos internacionais.

Balsemão disse ainda lembrar-se do encontro mas voltou a afirmar não se lembrar da presença do ex-secretário de Estado norte-americano no mesmo)».

Mas voltemos ao relato confessionário de Farinha Simões,«cacha»que o «Correio da Manhã» descobriu hoje, sábado, duas semanas depois de aqui a termos divulgado :«Disse-lhe ainda que podiam estar sossegados quanto a Camarate, pois não havia problemas connosco, pois a investigação deste caso ia morrer sem consequências ( n. do Crimedigoeu – como efectivamente veio a acontecer, apesar das investigações da PJ, que envolveram a vinda a Portugal de renomados peritos mundiais para analisar os destroços do avião e apesar de terem sido criadas nove comissões de inquérito parlamentares, a última das quais concluiu pela ocorrência de um atentado, sem consequências penais ou judiciais para os implicados dado que os factos tinham prescrito).  

Mas prosseguindo o relato de Farinha Simões: «No restaurante Foucher´s, em Paris, Kissinger tinha-me dito, por alto, que o futuro primeiro ministro de Portugal será Pinto Balsemão. É importante referir que tanto Henry Kissinger como Pinto Balsemão eram já, em 1980, membros destacados do Grupo Bilderberg, sendo certo que estas duas pessoas levavam convidados às reuniões anuais desta organização. Deste modo, aquando da conversa com Lencastre Bernardo, em 1980, relacionei o que ele me disse sobre Pinto Balsemão, como o que tinha ouvido em Paris, em 1980.Tive também esta informação mais tarde, em 1993, numa conversa que tive com William Hasselberg ( n. do Crimedigoeu:Hasselberg era  o responsável da CIA em Portugal, o elo privilegiado dos americanos com as entidades nacionais) em Lisboa, quando este me confessou de que o Pinto Balsemão estava a par de tudo».

Farinha Simões reporta, umas linhas mais à frente, os documentos que Adelino Amaro da Costa transportava numa pasta na fatídica noite e que, segundo ele, depois de ser recuperada praticamente intacta dos destroços, foi entregue pela PJ na embaixada americana em Lisboa. Nas duzentas folhas constavam nomes de personalidades portuguesas envolvidas no atentado – que teria como alvo principal Adelino Amaro da Costa, mas que à última hora, devido à «intervenção» de um homem da segurança pessoal do primeiro-ministro, contou com a presença no avião de Sá Carneiro. De entre essas personalidades figurava Francisco Pinto Balsemão como elemento de ligação ao Grupo Bilderberg e a Henry Kissinger. Diz Farinha Simões que Francisco Pinto Balsemão pertence à loja maçónica «Pilgrim», que é anglo-saxónica e dependente do Grupo Bilderberg.

Com a criação da X Comissão de Inquérito Parlamentar a Camarate, legitimada pela maioria PSD/CDS, espera-se que esta confissão de Farinha Simões venha à baila. Esperemos que, como aconteceu no passado, assim como aconteceu com o comparsa José Esteves, o operacional não seja dado com o maluquinho e que as personalidades por ele visadas, ao contrário do que aconteceu em comissões de inquérito anteriores, sejam interrogadas de forma a explicarem as suspeitas de que foram alvo. Curiosamente, depois das TV e do «CM» terem publicado a contrição de Farinha Simões, apenas o antigo Conselheiro da Revolução, Canto e Castro, respondeu às acusações de que é alvo, sublinhando que a carta de Simões «só pode ser um caso complicado de esquizofrenia»…embora acrescente que, pelos seus conhecimentos aeronáuticos da Força Aérea, ache que Camarate foi um atentado. Vejamos o «veredicto» de mais esta comissão de inquérito… e se a mesma não foi criada para branquear certas figuras e figurões que continuam a passear-se por aí impunes…

25
Abr
12

GRUPO BILDERBERG CONSPIROU 25 DE ABRIL DE 1974

 

A cronologia “Pulsar da Revolução”, elaborada pelo Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra, reconheceu o papel do grupo Bilderberg na revolução portuguesa que fez cair o regime liderado por Marcelo Caetano. De acordo com a entrada referente aos acontecimentos do dia 19 de Abril de 1974 pode-se ler que, na sequência da reunião anual daquele grupo – que reúne políticos e empresários num regime de grande secretismo e longe das regras democráticas – , em Megève, França, estava presente, entre outros, Joseph Luns, o secretário-geral da NATO.

«Ter-se-à tomado conhecimento da iminência de alterações políticas em Portugal e decidido não contrariar a evolução dos acontecimentos, estando os membros do Grupo convictos que a mudança política poderia conduzir ao liberalismo económico», informam os responsáveis da Universidade de Coimbra que concluem ainda que «a presença de Lunz nessa reunião poderá ter determinado o comportamento da NATO no ‘desenrolar do golpe militar de Lisboa».

O principal responsável pelo Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra, Boaventura Sousa Santos, está ausente de Lisboa até ao próximo dia 1, pelo que não pôde assim comentar a inclusão desta referência ao papel do grupo Bilderberg na revolução portuguesa e, sobretudo, referir-se à cumplicidade da NATO no sucesso das operações militares destinadas a mudar o regime em Portugal.

As referências ao grupo Bilderberg e aos seus encontros anuais são normalmente banidas das páginas dos principais jornais, quase todos c ontrolados por empresários e grupos económicos com afinidades ao Grupo Bilderberg, como Ocrimedigoeu tem vindoa revelar em anteriores blogues Os seus membros, poderosos políticos e empresários, são suspeitos de “indicarem” quais os governantes a serem merecedores dos apoios financeiros em vários países por eles controlados – recorde-se que o principal membro português do grupo Bilderberg é Francisco Pinto Balsemão, actual empresário da Comunicação Social e dono, entre outros, do semanário “Expresso” e da televisão SIC. Francisco Pinto Balsemão, à data dos acontecimentos de 1974, ainda não era membro do grupo Bilderberg, mas já dirigia o então influente semanário “Expresso”, fundado em Janeiro de 1973 e, depois da revolução, veio a fundar o PPD juntamente com Francisco Sá Carneiro.

 

Ver aqui a cronologia do 25 de Abril elaborada pela Universidade de Coimbra

24
Abr
12

CASO CRISTÓVÃO: UMA ENTREVISTA SIMPÁTICA AO «RECORD» SEM PERGUNTAS INCÓMODAS

Será que o Sporting estará todo refém das alegadas tropelias do seu vice presidente, Paulo Pereira Cristóvão? Que segredos guardará este ex- inspector da PJ, dono de uma empresa de segurança e informações para o deixarem agarrado ao poleiro, por muito que ele venha dizer que não está apegado ao lugar? Será que a Assembleia Geral que se realiza hoje, terça-feira, vai seguir o mesmo caminho do Conselho Leonino, do presidente do clube, os quais não questionaram o lugar do vice presidente e as suas reviravoltas? É que depois de se auto-suspender das suas funções, voltou ao lugar levado pelo presidente Godinho ( que o continua a segurar, sabe-se lá à conta de que coisas do passado na PJ, nós até poderíamos especular sobre isso, mas escrevemos com base em dados concretos);e depois de dizer que não falava sobre o processo, veio agora dar esta entrevista ao «Record numa tentativa para se vitimizar. Uma entrevista simpática, em casa do entrevistado, e na qual mais parecia que tudo foi combinado. Desde as respostas alinhavadas como se tivessem sido previamente decoradas – e nas quais o dirigente leonino expôs a tese de que internamente o estão a tentar «queimar», veja-se a importância do homem – até às perguntas que deixaram de lado questões mais incómodas. Por exemplo, por que motivos o jornalista se «esqueceu» de perguntar se Cristóvão conhecia ou não o homem que depositou os tais 2200 euros na conta do árbitro num multibanco na Madeira; se, como referiu a imprensa, era seu empregado, se era membro de uma claque leonina – as tais claques com que Cristóvão esgrime sempre que se sente apertado como arma de arremesso contra quem lhe queira fazer mal – se sabia ou não que o Sporting pagou a viagem à Madeira a esse «alegado» falso corruptor que tentou criar uma situação complicada ao árbitro auxiliar José Cardinal? Por que motivos deixou a PJ?

 Uma entrevista em que ficou claro que o objectivo de Cristóvão é o de se segurar ao «poleiro» em vésperas de duas importantes reuniões magnas do Sporting em que a sua cabeça poderá rolar de forma inapelável.O que se sabe é  que, durante a reunião do Conselho Leonino de ontem à noite, Cristóvão saiu a meio, alegando razões familiares. Esperemos que não faça o mesmo na AG de hoje à noite e que esclareça, de forma pormenorizada, os sócios sobre o seu papel nesta trama que conspurca, mais uma vez, o futebol português. Se está inocente, deve apresentar as provas da sua inocência, e deixar de lado a tese da cabala. Para cabalas, já nos bastam as de Carlos Cruz, Vale e Azevedo…dois «inocentes», é claro…

PS- Foi uma Assembleia Geral pacífica a que teve lugar ontem, terça feira,em que o presidente leonino conseguiu fazer valer a proposta de fusão da Sociedade Património e Marketing com a SAD,além do financiamento do clube. Mais uma vez, Cristóvão explicou a sua inocência sem entrar em pormenores e saiu incólume.Percebe-se a posição dos associados nesta altura decisiva para o clube, em que a demissão de um vice-presidente poderia desencadear novo acto eleitoral.Mas o caso voltará á baila quando se conhecerem mais pormenoers sobre a inocência (?) ou culpabilidade (?) de Cristóvão.Ou seja, é uma questão adiada para o defeso do futebol…

24
Abr
12

O NOVO «DESPORTO» DOS «BETINHOS» DO ESTORIL : VANDALIZAR CARROS

«Geração à Rasca» é uma frase muito em voga com que se pretende qualificar as dificuldades que enfrentam as camadas mais jovens nestes tempos de crise. Mas também poderia servir de epíteto aos «betinhos» que, pela calada da noite, se «entretêm» , de uma forma rasca, a provocar danos em viaturas. Este é o novo «desporto» que os «meninos» da linha do Estoril encontraram para «marcar a diferença». Fazendo-se transportar numa viatura, algumas vezes, topo de gama – o que indicia a origem social elevada dos vândalos – munidos de um taco de baseball, partem vidros da viaturas estacionadas, como comprova este vídeo captado por uma testemunha ocasional na zona do Monte Estoril, Cascais. Claro que ao fenómeno não pode deixar de estar associado o elevado consumo de álcool – uma praga que aflige cada vez mais a juventude dos nossos dias – ou de drogas…e,muito provavelmente, o desinteresse dos pais que dão total libetrdade aos seus «meninos» para fazerem as malfeitorias que entendam.  Mas nada desculpa esta selvajaria que a PSP de Cascais procura reprimir. Propunha que, depois de capturados, os pusessem a trabalhar em actividades em prol da sociedade, por exemplo, a limpeza das florestas para precaver os incêndios na época estival.

23
Abr
12

MARIDO DE MARISA PROCESSADO POR DESVIO DE 25 MILHÕES DE DÓLARES

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Umadvogado alvo de uma emboscada, um empresário português com a cabeça a prémio depois de ser acusado de desviar 20 milhões de dólares, um caso que motivou as investidas da secreta angolana em Lisboa. Uma história rocambolesca  envolvendo o actual marido da fadista Marisa

 O caso tem levantado muita polémica em Angola, motivou mesmo a secreta angolana a fazer uma «perninha» em Lisboa, que envolve o empresário angolano e ministro dos Antigos Combatentes, Kundi Paihama e o seu sócio português, António Ferreira. Ambos fundaram  a Gesti-Grupo, instituição que tutela a Plurijogos, detentora da marca Casinos de Angola, tendo Kundi apresentado uma queixa-crime contra Ferreira por desvio de 25 milhões de dólares.

Segundo fontes a que tivemos acesso, o caso ultrapassará e muito o mero âmbito de uma parceria empresarial, assumindo contornos a lembrar os métodos mafiosos. Ao que se diz, António Ferreira terá mesmo a cabeça a prémio o que o tem impedido de se deslocar a Angola, outorgando a defesa dos seus interesses a um advogado que o representa naquele país. Isto quando o seu anterior defensor foi alvo de uma violenta agressão à porta do escritório na Avª Duque de Loulé, Lisboa, depois de um negócio mal concretizado para a venda da posição que António Ferreira detinha na sociedade com Kundi Paihama, uma transação na qual, segundo as nossas fontes, Ferreira  terá pedido cerca de 300 milhões de dólares, uma exorbitância que levou Kundi Paihama a desistir do negócio. O empresário português acabou processado pelo antigo sócio por uma acusação que contesta, o advogado agredido «passou-se» com armas a bagagens para braço-direito de Kundi Paihama, vendo-se, assim, forçadamente impedido de retomar o controlo na empresa que gere meia dúzia de casinos de Angola e outros interesses relacionados com o jogo em África. O que não impede Ferreira de continuar a receber nos seus sumptuosos escritórios na Avenida da Liberdade a alta burguesia africana. Antigo barbeiro na região onde nasceu no interior da Beira, tendo depois abraçado a carreira de gestor de bingos,o que levou a ficar a par do «know how» deste tipo de indústria, Ferreira é detentor de uma grande fortuna, possuindo apartamentos no edifício do Corte Inglês e no edifício Sheraton, gerindo os mais variados negócios, que passam desde o imobiliário, ao aluguer de aviões particulares até ao agenciamento de artistas para palcos internacionais. Foi após o relacionamento com este empresário que a fadista Marisa teve uma ascensão meteórica no mundo do espectáculo, depois de deixar o antigo marido para se ligar a António Ferreira, com quem há muito mantem uma ligação que dura desde os tempos em que o companheiro a convidava a actuar nos «shows» e grandes festas particulares  na sua quinta nos arredores de Tábua, Coimbra, para as quais convidava a elite empresarial, incluindo a africana.  

Com o número 227/012 DCCOTP, atribuído pela Direcção Nacional de Investigação Criminal de Luanda, o investidor Kundi Paihama acusa o seu parceiro de furto e apropriação indevida de verbas quando António Ferreira foi administrador único e Presidente do Conselho de Administração da Finingest, Plurijogos e Gesti-Grupo. Segundo apurou O PAÍS, órgão jornal on line de Angola, o o ex-ministro da Defesa ( na foto) realça que o seu parceiro terá dado destino incerto a 25 milhões de dólares. Por isso, a par da queixa-crime, oportunamente será deduzido um pedido de indemnização cível.

O advogado Rui Machado, que representa Kundi Paihama, reconheceu a existência deste processo e salientou que possam surgir outros.

Segundo ele, a queixa contra o empresário António Ferreira, que se encontra ausente de Angola há cerca de dois anos, ( pelos motivos que atrás expusemos, acrescentemos nós)  foi apresentada à DNIC pelo próprio general. “Como advogado não posso entrar em detalhes, mas o processo só surgiu agora porque antes tinha de ser feito um trabalho de averiguação e estudos dos processos dentro da empresa. Há fortes indícios de irregularidades”, contou, sem muitos pormenores, Rui Alves Machado, por sinal um dos administradores do grupo empresarial fundado pelo general Kundi Paihama e o cidadão português.

Em Dezembro de 2011, António Ferreira processou um outro administrador da empresa, no caso, Agostinho Manuel da Rocha “Rochinha”, por este supostamente ter alterado a estrutura societária da Plurijogos com base numa estrutura apontada como sendo falsa (processo n.º 439/2011-04). A suposta falsificação, segundo António Ferreira, terá sido feita numa assembleia-geral para aumento de capital em que ele não esteve presente, mas os resultados encaminhados e reconhecidos posteriormente no Quinto Cartório Notarial da Comarca de Luanda indicavam o contrário.

Constituído em 2003, a Plurijogos, que detém a marca Casinos de Angola, tinha como accionistas o empresário luso António Ferreira (70 por cento das acções), o general Kundi Paihama (20%), José Marques Fernandes (5 %), Melquisedech Sebastião (2, 5 %) e Marcos de Carvalho João (2, 5 %).

Mas, na carta que os advogados de António Ferreira dizem ter enviado à Procuradoria-Geral da República em Angola, acusam “Rochinha” de ter usado a suposta escritura falsa para reduzirem a prestação do empresário luso de 70 para 20 por cento das acções da empresa de jogos.

Até mesmo a holding Gesti-Grupo, segundo o advogado do general, é detida por António Ferreira e Kundi Paihama com 37 por cento das acções cada.

António Ferreira tem as suas contas congeladas em Angola facto que impede de pagar os honorários aos seus advogados naquela antiga colónia portuguesa. Em declarações ao «Correio da Manhã» garante que as contas entre os sócios foram acertadas em 2009 e admite avançar com um processo contra o ministro angolano. Ferreira pediu já uma auditoria jurídica e financeira.

22
Abr
12

LÍDER DO MAIOR SINDICATO DA PSP: «HÁ CENTENAS DE POLÍCIAS COM ORDENADO PENHORADO»

Interessante e actual a entrevista que o líder do maior sindicato da PSP ( a ASPP), Paulo Rodrigues, deu ao semanário «Sol», onde  diz que «é impossível garantir que os incidentes do Chiado não se repitam», admitindo que as próximas manifestações serão mais imprevisíveis, alertando para a falta de meios policiais no controlo das manifestações, como é o facto de não disporem de fatos resistentes ao fogo para os protegerem do lançamento de «cocktails molotov», nem de auriculares para receberem as ordens da cadeia de comando.  A própria classe promete voltar à contestação por causa dos salários.Com a devida vénia e dado inserir-se no âmbito deste blogue, transcrevemos essa entrevista na íntegra, bem elucidativa do estado calamitoso em que se encontram as nossas polícias na sua missão de garantir a segurança do Estado e dos cidadãos:

Será mais fácil ou mais difícil à PSP controlar uma próxima manifestação?

Creio que será mais difícil. Até agora não tínhamos uma experiência contínua nesta área. Mas tendo em conta a situação do país, as manifestações serão cada vez mais frequentes, com mais gente, e vão tornar-se mais complexas e imprevisíveis. Além disso, todos os movimentos dos polícias vão ser monitorizados ao milímetro, inclusive pelos jornalistas. O simples levantar do cassetete vai ter a partir de agora uma conotação imediata. Tudo isso será mais exigente para a Polícia.

O inquérito aos incidentes no Chiado fragilizou o estado de espírito dos agentes?

Quando há dúvidas, a pior coisa é não as esclarecer. A Polícia não tem nada a esconder. Devemos tirar a lição, mas não devemos ter receio de actuar.

A própria inspecção da PSP detectou falhas técnicas. Até que ponto a Polícia está preparada para enfrentar cenários semelhantes aos da Espanha ou da Grécia?

É impossível garantir que aqueles incidentes não se vão repetir. Estamos a falar de multidões, e os polícias não são autómatos, não são robôs. Pode haver um momento em que estejam mais fragilizados, até por problemas pessoais, e tenham uma atitude menos adequada. Mas a Polícia está preparada. O meu receio são os meios que não temos, equipamento imprescindível que não existe em quantidade suficiente. Por exemplo, todos os agentes deviam ter auriculares para comunicarem, via rádio, com a linha de comando, e vice-versa. Esse sistema permite que uma ordem chegue ao mesmo tempo a todos. Depois, faltam viaturas tácticas e nem todos têm ainda capacetes com protecção balística. É necessário pensar também em fatos com resistência ao fogo, que protejam contra cocktails molotov.

A turbulência tem sido uma constante no seio da própria instituição. O novo director nacional conseguiu acalmar a PSP?

Ainda não passou tempo suficiente para se poder avaliar, mas, para já, é importante que o director olhe para a instituição como um todo. É importante que o agente, o chefe e o oficial olhem para ele como um interlocutor junto do Governo, para que se cumpra a lei. O impasse no cumprimento do novo Estatuto é neste momento o principal motivo de instabilidade.

Quantos elementos ainda falta reposicionar na nova tabela?

Cerca de 16 mil. E ainda tem de se pagar os retroactivos aos profissionais que só em Dezembro foram arrastados para a posição correcta, depois de terem sido ultrapassados por colegas mais novos.

Estamos a falar de que montante?

No primeiro caso, está em causa um aumento mensal de cerca de um milhão de euros no orçamento da PSP. Quanto aos retroactivos, são necessários cerca de seis milhões e meio de euros.

Este ano, o Governo concedeu mais 40 milhões de euros à PSP. Este orçamento de quase 700 milhões de euros tranquiliza-o?

Não acredito que seja suficiente para pagar as reposições e os retroactivos. Até é possível fazer uma gestão mais rigorosa, mas não dá para poupar muito. Esperamos que o Orçamento rectificativo já contemple esse acréscimo e permita fazer as promoções que ainda há a fazer.

Admite que os polícias voltem à rua?

Depende. As manifestações só acontecem depois de um trabalho de bastidores, quando se chegou a um impasse. A minha expectativa é que este problema seja resolvido até meados de Maio, e que seja aprovado o novo regulamento dos serviços especiais remunerados. Caso contrário, não nos resta outra alternativa.

O diálogo com o ministro não está a correr bem?

Temos tido um feedback positivo, e o director nacional está a contribuir para que as coisas possam avançar. O que esperamos do ministro é simplesmente frontalidade. E a frontalidade deste ministro tem facilitado a relação. Quando anunciou que ia pagar o fundo de fardamento, pagou; quando disse que ia fazer os arrastamentos, até o fez antes do esperado.

Miguel Macedo já avisou que ‘é preciso fazer mais e melhor com menos recursos’. Onde se sente mais a austeridade no dia-a-dia da PSP?

Neste momento, há centenas de polícias com o ordenado penhorado. Continua a faltar equipamento essencial para uma esquadra, desde tinteiros a impressoras. Nem falando já dos telemóveis, há pessoal a usar computadores particulares, sobretudo na investigação criminal, para garantir que o serviço não se acumula e tem qualidade. Muitos carros-patrulha não saem da esquadra seja porque não têm a revisão em dia, seja porque falta uma peça ou pneus adequados. Os comandos fazem uma gestão à unha: já se tiram _peças de carros avariados para pôr noutros.

Qual é a solução para esse problema crónico?

Por exemplo, optar por uma gestão muito mais empresarial, através de um aluguer de longa duração. A Polícia deixaria de estar eternamente preocupada com a manutenção, e o Governo saberia exactamente quanto gastaria por ano. Se se conseguir um bom acordo, o carro é substituído imediatamente sempre que avariar ou estiver na revisão. Este modelo não deve sair muito mais caro e pode resolver o problema.

Mas os orçamentos da PSP têm aumentado nos últimos anos, excepto em 2011.

É verdade. Mas há dívidas avultadas que se acumulam de ano para ano, como acontece com o subsistema de saúde. E mesmo que o orçamento aumente um pouco, acaba por não ser suficiente para as saldar. O problema é que o Governo continua a não olhar de forma realista para as necessidades da PSP. Por vezes, os orçamentos não conseguem prover nem a despesa fixa. Já houve anos em que a CP não atribuía o passe aos polícias porque a PSP não tinha pago.

Os polícias gregos tiveram um corte de cerca de 40% no ordenado e passaram a alugar equipamento e polícias à hora para subsidiar a instituição. A PSP não deve equacionar outras formas de financiamento?

Acho que essa medida é o desmantelar do princípio da segurança pública.

A verdade é que isso é idêntico aos remunerados da PSP…

Eu sempre fui contra os remunerados. O problema é que nenhum Governo teve a consciência de pagar um salário adequado aos polícias. E sem essa alternativa, muitos terão de optar por uma segunda profissão. Aliás, muitos já estão a equacioná-lo. Há cada vez mais polícias a pedir autorização para desempenharem outros serviços, como por exemplo gestão de ginásios.

Comparando com Espanha ou Grécia, quanto recebe a menos um agente?

Os gregos recebiam muito mais antes da troika. Um agente em início de carreira ganhava 1.200 euros.

O ministro anunciou recentemente o fecho de algumas esquadras para libertar efectivos. Por essa ordem de ideias, faz sentido manter as messes?

Não. A questão é que, se fecharem as messes, qual a alternativa para homens que há mais de 30 anos só fazem essas tarefas? Ainda temos polícias na mecânica, barbeiros… Está na mão da própria Polícia acabar com estas lógicas.

Ao todo, são mais de quatro mil agentes em tarefas administrativas.

A Polícia tem muitos profissionais a prestar serviço noutras instituições que se vão valendo disso. Cerca de 700 estão a fazer notificações, são autênticos ‘carteiros’ dos tribunais. Eu acho que isso não é serviço policial. E pergunto-me por que não é o Ministério da Justiça a pagar a esses agentes.

Durante as eleições, o Governo falou na unificação das polícias. O que pensa dessa solução?

Não compreendi bem essa vontade, porque já ouvi uma coisa e o seu contrário. Alguns ministros já defenderam a unificação e outros recusam-no. Eu acredito no modelo que vigora na generalidade da Europa: ter uma força civil e uma polícia nacional, mas é preciso trabalhar a articulação. A verdade é que qualquer reforma implicará um investimento grande nos próximos anos. Estamos em condições de o fazer?

Alguma vez se sentiu penalizado por ser sindicalista?

Não. Mas já fui alvo de vários processos de averiguações. Já houve directores que discordaram de determinado protesto, mas isso nunca me condicionou. Temos consciência dos nossos deveres mas nunca deixaremos de lutar pelos nossos direitos.

21
Abr
12

A FARSA DA NOSSA (IN)JUSTIÇA

Nas últimas semanas, a (in)justiça em Portugal conheceu mais episódios da farsa que a vem caracterizando. Do topo à base da pirâmide, sucedem-se os exemplos de uma autêntica desbunda, em que os principais actores, ou saiem impunes ou actuam com  total despudor, face às obrigações a que estão sujeitos.Do branqueamento do caso Portucale à advogada que efectuava roubos por esticão nas ruas de Lisboa, o panorama é negro.Demasiado negro… 

Primeiro caso: ao fim de sete anos,  todos os arguidos no processo Portucale, ligado ao abate ilegal de sobreiros para a construção de um empreendimento imobiliário e turístico em Benavente a favor de uma empresa do Grupo Espírito Santo, foram absolvidos. Uma sentença surpreendente: nada foi provado, mesmo apesar de se ter concluído que três ministros do então Governo PSD/CDS, Nobre Guedes (Ambiente), Telmo Correia (Turismo) e Costa Neves (Agricultura), dias antes das eleições, deliberaram, por consideraraem ser de imprescindível utilidade pública, viabilizar o projecto urbanístico do Grupo Espírito Santo, autorizando o abate de mais de 2500 sobreiros. Em causa a entrada de mais de um milhão de euros nos cofres do CDS/PP, para a qual, segundo a acusação, não existem documentos de suporte que justifiquem a sua proveniência e cujos recibos são falsificados. O principal arguido do processo, Abel Pinheiro ( na foto,no dia da sentença, acompanhado pelo advogado, José António Barreiros), acusado de tráfico de influências e de falsificação de documentos, então responsável financeiro do CDS/PP, foi apanhado ao telefone com um administrador do GES a dizer o seguinte: «fazendo as contas, nós metemos na mão da sua gente mais de 400 milhões de euros nas últimas 3 semanas».

Em julgamento, o MP deu como provado o crime de abuso de poder para os arguidos António de Sousa Macedo, ex-director-geral das Florestas, Manuel Rebelo, ex-membro desta direcção, e António Ferreira Gonçalves, antigo chefe do Núcleo Florestal do Ribatejo.Todos acabaram surpreendentemente absolvidos.

No meio das suspeitas de financiamento ao CDS, esta investigação do caso Portucale envolveu escutas telefónicas e as conversas interceptadas deram origem a um outro processo (autónomo) relacionado com a compra, por Portugal, de dois submarinos ao consórcio alemão Ferrostal ( envolvido em vários escândalos de corrupção nos países onde vendeu submarinos) e cujo inquérito, também com contornos políticos, está por concluir há vários anos no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP). Agora, soube- se esta semana pela voz do Procurador Geral da República, Pinto Monteiro, que este processo está «emperrado» no organismo que dirige devido à falta de verbas há muito pedidas ao Ministério da Justiça para efectuar perícias contabilísticas. A ministra desmentiu-o, o PGR contrapôs e, no meio deste jogo do empurra, o processo ameaça ter o mesmo fim do Titanic: ir ao fundo, de forma irremediável…

Outro figurão da maioria CDS/PSD, Dias Loureiro, antigo conselheiro de Estado de Cavaco Silva, alvo de grandes suspeitas  no «buraco» de cinco milhões do BPN continua  a fazer a sua vidinha nas calmas, ao que dizem as más línguas, a gozar as delícias do sol em Cabo Verde, onde existia um banco, o Insular, por onde passou grande parte do escândalo BPN e que Dias Loureiro não soube ( ou nunca quis) controlar.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Já para não falar no celebérrimo caso do presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais, que depois de condenado a prisão ( e de ter sido detido por escassas horas, logo depois solto…) viu essa sentença ser adiada, continuando a exercer o seu mandato na Cãmara com toda a impunidade.

Entretanto, no Tribunal do Barreiro, arrasta-se o julgamento do processo Freeport, com várias testemunhas a incriminarem José Sócrates ( a viver uma espécie de exílio dourado em Paris, nas calmas e com todas as mordomias), enquanto um amigo seu, o professor  A. José Morais (que  providenciou ao antigo primeiro ministro a passagem a três cadeiras do  curso de Engenheiro na Universidade Independente) aguarda placidamente pelo início julgamento onde é acusado de corrupção no caso Cova da Beira, era então Sócrates responsável governamental pelo Ambiente.

Pelo meio, soube-se que nos últimos quatro anos, os ajustes directos a empresas privadas pelo Estado totalizaram 13,521 milhões de euros, de acordo com o portal Despesa Pública (www.despesapublica.com), tendo sido a empresa Mota Engil, liderada pelo grande amigo de Sócrates, Jorge Coelho, a liderar este «ranking» com uma facturação de 188,5 milhões de euros, relativa às 86 adjudicações sem concurso público que recebeu desde 2008.E soube-se disso e não foi instaurado nenhum inquérito? Que anda a fazer o procurador Pinto Monteiro, neste seu estrebuchar de um «consulado» cinzentão que mais pareceu de reverência ao poder instituído do que a enfrentá-lo…   

No meio desta «estórias« lamacentes, um predador sexual em «actividade» desde 1995, tendo feito dezenas de vítimas, depois de ser detido várias vezes, acabava sempre sendo solto pelos tribunais pois, pela lei, não estava em incumprimento da liberdade condicional. Acabou preso esta semana  pela Unidade de Contra-Terrorismo da PJ depois de tentar violar duas idosas, 73 e 74 anos, no mesmo dia em Setembro passado.Teme-se que,mais tarde ou mais cedo, regresse à liberdade e desencadeie nova onda de crimes…

Por último, para rematar este triste «fado» da nossa Justiça, soube-se que uma advogada, Ana Sítima, foi detida com o namorado pelos agentes da 3ª Esquadra de Investigação Criminal da PSP de Lisboa, depois de concretizarem mais de 15 roubos por esticão  nas ruas de Lisboa. Os alvos estavam definidos: sempre idosas a circularem no passeio de mala na mão. A advogada conduzia a viatura, encostando o carro às vítimas e o namorado «ocupava-se» de lhes roubar os pertences, algumas delas alvo de violência quando resistiam.

Assim vai a justiça: sem rumo, como o País…

20
Abr
12

ESPIA PERDEU O SMARTPHONE DE SERVIÇO CONTENDO INFORMAÇÕES PRIVILEGIADAS.PERDEU OU ROUBARAM-NO?

 A noticia veiculada pelo «Correio da Manhã» sobre o estranhíssimo caso envolvendo a  directora do Departamento África do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED), a qual terá perdido o seu telemóvel smartphone contendo dados classificados, deixa duas interrogações: perdeu o aparelho ou roubaram-no? É que atendendo às divisões existentes no seio das «secretas» depois da saída de Jorge Silva Carvalho ( o anterior «big boss») para a Ongoing, que os serviços têm vivido uma guerra interna. E não admira que o  «profundo mal-estar» existente possa levar  a que fosse «armadilhada esta espia…com relações privilegiadas com África, e logo numa altura em que decorre um Golpe de Estado na antiga colónia portuguesa .E nada mais eficaz do que para destruir a reputação da agente do que «soprar» o caso de que foi vítima para os jornais….

A ser verdade o noticiado,o aparelho continha nomes e contactos telefónicos e de e-mail de todos os espiões e dirigentes dos serviços portugueses, que estavam identificados.Para além dos nomes e contactos, teme-se que estejam em mãos alheias centenas, senão mesmo milhares de SMS e e–mails, com informação sensível da actividade dos serviços trocados ao longo dos últimos anos com funcionários e altas chefias do SIRP e de outras forças de segurança.

Uma história que levanta também outras dúvidas: certamente que a espia, ou quem lhe forneceu o smartphone de serviço,que deverá ter recebido formação em novas tecnologias cada vez mais imprescindíveis no tipo de actividade que exerce, não desconhece que poderia ser acoplado no mesmo um programa que permitisse localizá-lo em caso de furto e roubo. Qualquer detective especialista em detectar paradeiros de maridos e mulheres infiéis sabe que esse programa ( que se designa «where is my android/ iphone …o programa tem uma designação especifica para cada aparelho), funcionando em sintonização com o GPS, permite localizar o aparelho. Já para não falar no facto de também haver programas que permitem, de forma remota, apagar todo o conteúdo destes equipamentos. Será que os «serviços» descuraram esse pormenor? Se efectivamente estes aparelhos que contêm dados relevantes sobre as nossas secretas funcionam sem qualquer tipo de «paraquedas» destinado a prevenir este tipo de «anomalias» de que foi alvo a directora do departamento para África, então é caso para se temer da eficácia  deste organismo especializado em prestar informações ao poder político, alertando  para situações onde haja um potencial perigo para os interesses nacionais, como acontece agora em Bissau.

Cá para mim, pondo na balança todos estes factores, começo a pensar que alguém tentou prejudicar a imagem desta directora, talvez com a finalidade de a pôr na prateleira. Ou então, para sermos mais sádicos, alguém se serviu do azar da responsável para lançar mais uma machadada para descredibilizar o SIED.É que estamos convictos que, com o decorrer dos anos, as nossas secretas já aprenderam com os erros e «palhaçadas» do passado, como foi o caso exemplar de incúria quando furtaram a mala tipo James Bond a um nosso espião que se tinha deslocado a Bruxelas contendo informação classificada da NATO.




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Marinho e Pinto