Arquivo de Março, 2013

29
Mar
13

UMA DAS TRAPALHADAS EM QUE SE ENVOLVEU A FAMÍLIA DE SÓCRATES : O DESAPARECIMENTO DOS DOCUMENTOS DA COMPRA DE UM APARTAMENTO NO LUXUOSO HERON CASTILHO

socraheron Sócrates até pode não ter culpas no cartório…mas as trapalhadas em que viu envolvido foram muitas. Esta foi mais uma delas. Ao fim e ao cabo seria interessante apurar como é que esta família, de aparentes parcos recursos no passado, surge de um momento para o outro com estes «sinais de riqueza»…Será que neste retorno à ribalta política, o antigo primeiro ministro vai explicar estes e outros casos envoltos na penumbra?

Deus ou o Diabo. Vítima ou um espertalhão típico português com queda para a política? É assim que José Sócrates, depois de um longo período de retiro, volta a ribalta política, extirpando os seus ódios de estimação. Durante anos, foram casos envoltos em mistérios, em denso nevoeiro: o licenciamento do Freeport, o alegado favorecimento a uma empresa do seu antigo professor no projeto de aterro da Cova da Beira, o mesmo professor que orientou a as cadeiras que tornaram possível a sua licenciatura na UI, com um exame concluído a um domingo (!), os offshores em nome da família, os ajustes diretos quando ainda era PM a uma empresa farmacêutica da qual agora é um dos responsáveis de topo, a Octapharma, a tentativa de controlo da comunicação social onde foi apanhado nas escutas a Armando Vara no processo Face Oculta, com um procurador a tentá-lo acusá-lo de atentado ao estado de Direito, processo travado pelo então Procurador Geral da República, Pinto Monteiro, que lhe aparou muitos golpes…

Desenterramos um desses casos mais intrigantes, digno de uma trama policial, relacionado com os apartamentos adquiridos pela família no luxuoso edifício Heron Castilho, um imóvel habitado por gente da alta cujos andares têm preço proibitivo…pouco ao alcance dos rendimentos de políticos, mesmo sendo um deles primeiros-ministro…

Corria então o ano de 2009 quando o Ministério Público ( MP) recebe uma participação da Ordem dos Notários dando conta do desaparecimento de documentos que suportavam a escritura notarial e identificavam a sociedade offshore que vendeu o apartamento a Maria Adelaide de Carvalho Monteiro, mãe de José Sócrates, no edifício Heron Castilho,Lisboa. Entre os documentos estranhamente desaparecidos encontrava-se o conhecimento de Sisa ( atual Imposto Municipal sobre a Transmissão de Bens Imóveis),os estatutos da offshore «Stolberg Investiments Limited», com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, assim como a procuração e outros documentos que comptovavam os poderes de quem representava a offshore.

Segundo a escritura, Adelaide Monteiro comprou o apartamento em 1998 por 50 mil contos ( 250 mil euros).Mais precisamente, o valor tributável do quarto piso, letra E, onde vive a mãe de Sócrates, corresponde a 44.923 contos ( 224 mil euros).E adquiriu o andar sem recurso ao crédito, numa altura em que declarava ao fisco rendimentos anuais de 250 euros, segundo relataram notícias na época, aquisição essa feita alguns meses depois de José Sócrates se ter mudado para o terceiro andar do mesmo edifício na Rua Braamcamp.

A falta dos documentos em causa que instruíam a escritura, só é participada depois de um jornalista se ter dirigido ao antigo 21º Cartório Notarial de Lisboa, em Santos. Na altura, quando a notária Luiza Vieira pede a uma funcionária as cópias dos documentos arquivados, apercebe-se que faltavam folhas no maço.

QUE SEGREDOS GUARDAVA A CAIXA?

A Ordem dos Notários entendeu comunicar ao MP o desaparecimento dos documentos. O processo acabou arquivado a 31 de Julho de 2009, alegando o MP ser «impossível saber quem retirou os documentos».

Um outro episódio rocambolesco referido pelo extinto Semanário Privado», que deu à estampa este caso, ocorreu em 12 de Junho desse ano, quando a atual notária do cartório, Luiza Vieira, ligou aflita para a bastonária da Ordem, a informar de que anterior notária, Lídia Menezes ( à data da escritura da casa da mãe de Sócrates, em 98) estava à porta do cartório com um caixote para entregar.«Como a minha colega estava ausente, não quis que se recebesse a caixa, decidindo então selá-la até segunda feira seguinte», contou a bastonária.

Mas que segredos guardava a caixa? Só a 15 de Junho, quando se faz um auto de inventário com a presença da antiga notária,da nova e de um elemento da Ordem, é que se percebe que nenhum documento estava relacionado com a escritura da mãe de Sócrates ou com qualquer das cópias desaparecidas. Tratava-se apenas de certidões diversas e procurações que ficaram esquecidas nos cartórios. Mas segundo consta do inquérito do MP, que não deu em nada, a notária Lídia Menezes lembrou-se então que « guardava um dossier (…) que lhe fora entregue, já depois de reformada, por uma ex-funcionária que trabalhava sob sua liderança e que viria a falecer».

O departamento de Investigação e Acção Penal, onde decorreu o inquérito, ouviu as duas notárias e concluiu, como atrás referimos, que «era impossível saber quem retirou os documentos». Posteriormente são reconstituídas novas cópias junto da Administração Fiscal e de outros cartórios. Porém, uma dúvida subsistiu: serviriam os documentos recuperados para esclarecer toda a verdade sobre a venda do andar do Heron Castilho à mãe do então primeiro-ministro? É que alguns dos documentos recolhidos diziam respeito às escrituras de compra e venda do mesmo imóvel, mas ocorridas três anos antes.Claro que não…

E assim chega ao fim esta história rocambolesca, com o processo a ser arquivado e mais uma vez com  Sócrates e a família a serem «inocentados –  já tinha acontecido o mesmo com o tal tio, que apareceu no julgamento do Freeport, fiel depositário de muitos milhões em offshores. Sócrates até pode não ter culpas no cartório…mas as trapalhadas em que viu envolvido foram muitas. Esta foi mais uma delas. Ao fim e ao cabo seria interessante apurar como é que esta família, de aparentes parcos recursos no passado, surge de um momento para o outro com estes «sinais de riqueza»…

28
Mar
13

CAMARATE – UM DEPOIMENTO REVELADOR DO JORNALISTA FREDERICO DUARTE CARVALHO NA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

fredhttp://paramimtantofaz.blogspot.pt/2013/03/camarate-audicao-de-frederico-duarte.html#links

 

Para compreender a trama que foi o processo Camarate – ou seja, os factos que se relacionaram com a morte de Sá Carneiro e os acompanhavam o então primeiro-ministro naquele voo fatídico no Cessna em 4 de Dezembro de 1980 – convém ouvir a audição do jornalista Frederico Duarte de Carvalho na Comissão de Inquérito Parlamentar.

Autor do livro «Sá Carneiro e as Armas para o Irão», Frederico D. Carvalho defende que o móbil do crime se deveu às pressões e resistências que Sá Carneiro sofreu para permitir o tráfico de armas para a guerra Irão/Iraque ( alvo então de um embargo internacional), pressões curiosamente desenvolvidas pelo eixo CIA/altas entidades americanas envolvidas no negócio, com o apoio de miliares e civis portugueses. Curioso que um dos aspetos mais destacados nesta audição foi o facto de Sá Carneiro ter dado ordens ao então seu ministro das Finanças, estamos a falar de Cavaco Silva, para investigar o que se passava com o chamado Fundo de Defesa do Ultramar, o «saco azul» controlado por alguns setores da hierarquia militar e que reverteu para operações sujas – para além da compra de armas, terá mesmo financiado a UNITA antes e depois da guerra civil em Angola. Outros nomes em destaque: o pai Bush, Frank Sturgis, o homem destacado  pela CIA para coordenar em Portugal o atentado – terá mesmo estado na pista do aeroporto naquela noite ao lado de José Esteves, ambos envergando fardas do pessoal do aeroporto – premindo então um controlo remoto que fez deflagrar o engenho explosivo – além de Henry Kissinger… a PJ que terá estabelecido uma espécie de pacto secreto com um dos autores confessos do crime ( José Esteves),já para não falar no facto de Pinto Balsemão, que se encontrava no Porto para estar presente no comício que esperava o então primeiro ministro – ter inicialmente indicado a sua mulher, Tita, para viajar no mesmo avião, deslocação à última hora desmarcada.Um pormenor que não deixa de ser interessante….

O jornalista  diz estar a sofrer os efeitos negativos da sua ousadia em querer investigar a fundo o que se passou em Camarate, pois estão a tentar ´«castrá-lo» através do desemprego! Um depoimento corajoso que vale a pena ouvir, já que a classe jornalística parece estar desinteressada neste que é um maiores mistérios da nossa História recente.

26
Mar
13

EUROPOL: CRIMINOSOS DE 60 PAÍSES INFILTRADOS NOS GANGUES PORTUGUESES

europolPortugal “registou mais de 60 nacionalidades nos grupos criminosos” , de acordo com o relatório do crime divulgado  pela Europol.  O documento  mostra que há 3.600 gangues ativos na União Europeia  em vários países e que têm operacionais de diferentes nacionalidades. Em Portugal, os grupos organizados têm atividades em “mais de 35 países” e criminosos de 60 nacionalidades.

O relatório intitulado ‘Organized Crime Threat Assessment de 2013’, adianta que os gangues detetados em Portugal têm atividades em “mais de 35 países”, o que “claramente indica um nível significativo de cooperação criminal internacional, mobilidade e alcance”.

O relatório da Europol mostra também que se encontram na União Europeia cerca de 3.600 gangues, sendo que 70% deles partilham, pelo menos, duas características: por um lado, contam com operacionais de várias nacionalidades, e, por outro, actuam em vários países.

As combinações mais conhecidas são de portugueses com sul-americanos ou de portugueses com magrebinos. Sabemos nós, a maior destes grupos dedica-se ao tráfico de mulheres, contratação de trabalhadores ilegais submetidos a trabalhos de autentica escravatura e assaltos à mão armada.

Por outro lado, o relatório do Observatório de Segurança agora divulgado  revela sinais «animadores» em contexto de crise e apresenta uma maior eficácia das forças policiais. Se bem que registe um significativo aumento de crimes violentos nas regiões do interior do país, o que significa que a maior parte dos criminosos se estão a deslocalizar, praticando crimes contra as pessoas de forma muito agressiva. Na maior parte dos casos, esses gangs são formados por elementos dos países do Leste europeu.

«Estes números revelam-se determinantemente animadores, sobretudo quando lidos em contexto de crise», afirmou o porta-voz do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT), Filipe Pathê Duarte.

Segundo dados do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), a criminalidade violenta e grave desceu 7,8% em 2012 e as participações à PSP, GNR e Polícia Judiciária desceram 2,3%.

Para o OSCOT, estes resultados demonstram que «não se deve cair na tentação de associar a situação de crise com o potencial aumento da criminalidade». «O que a crise vem fazer é criar condições para propagação do sentimento de insegurança», referiu Filipe Pathê Duarte.

O mesmo responsável considerou também que esta diminuição dos crimes violentos e da criminalidade participada está relacionada com uma «maior efetividade operacional das forças e dos serviços de segurança». «Se formos para lá da aritmética dos números, vemos que há uma estratégia que tem vindo a ser adotada nos últimos quatro ou cinco ao nível da segurança interna que está a começar a trazer os seus resultados», acrescentou.

Contudo, segundo o porta-voz do OSCOT, estes dados não são totalmente surpreendentes, na medida em que os números fornecidos pela PSP de Lisboa há algumas semanas já apontavam para uma descida da criminalidade, no geral, e da violenta, em particular.

O que acaba por surpreender, admitiu Pathê Duarte, é um aumento da criminalidade grave e violenta nalguns distritos do interior, para o qual o Observatório diz não ter uma explicação direta. «Poderá ser fruto do sentimento de insegurança, levando a uma maior participação dessa criminalidade. Também pode demonstrar uma maior eficácia das forças e serviços de segurança nessas zonas», sugeriu o porta-voz.

 

25
Mar
13

O ACIDENTE AÉREO QUE PODE TER SIDO UM ATENTADO E A SORTE DE ANTÓNIO BORGES, O «GURU» DA ECONOMIA DO GOVERNO

 a borgesA reportagem sobre António Borges na revista do Público aborda o episódio da vida que levou António Borges, então membro da Trilateral, a não viajar no voo da TWA 800 que viria a despenhar-se no oceano Atlânticpo. Segundo foi propalado, a secretária do economista que tanto influencia as decisões do atual Governo mudou a reserva à última da hora. Mas, não disseram que houve suspeitas de ter havido um atentado terrorista.

«While accident investigators from the National Transportation Safety Board (NTSB) traveled to the scene, arriving the following morning,[2] there was much initial speculation that a terrorist attack was the cause of the crash.[3][4][5] Consequently, the Federal Bureau of Investigation (FBI) initiated a parallel criminal investigation.[6] Sixteen months later the FBI announced that no evidence had been found of a criminal act and closed its active investigation.[7]borges

 Foi no dia 17 de julho de 1996 que o voo 800 da TWA descolou de Nova Iorque com destino a Paris levando 230 passageiros e tripulantes. Dez minutos depois, uma explosão partiu ao meio o Boeing 747 e os destroços em chamas caíram perto de uma praia em Long Island. Nenhum passageiro ou tripulante sobreviveu. A primeira hipótese foi de um ataque terrorista. A Al Quaeda, de Osama bin Laden, já tinha efetuado ataques contra duas embaixadas americanas na África e contra a fragata USS Cole. E várias testemunhas viram um rasto de fogo subir do mar e atingir o avião.

Todavia, a investigação da CIA, do FBI e do Departamento de Segurança dos Transportes descartou a hipótese. Oficialmente, o voo 800 foi derrubado por um curto-circuito que detonou vapores de querosene no tanque central de combustível. Mas nem todos aceitaram essa explicação. No romance “Fora de Controle” (Night Fall) nightfallo escritor Nelson DeMille, especialista em aviação, defende a hipótese de ataque com um míssil cinético. Ele relata que um casal de policiais, John Corey e Kate Mayfield, tentou reabrir o caso sete anos depois.

Descobrem que um casal mantinha relações sexuais na praia de Long Island, naquela noite fatídica,  gravando um vídeo desse momento romântico tão especial. Por acaso, a câmara registou o rastro do míssil e seu impacto no avião. Agentes do governo, que querem encobrir o ataque, tentaram fazer desaparecer o casal e a fita, mas os protagonistas da história fazem de tudo para que a verdade seja revelada. DeMille não usou apenas sua imaginação. Ele ouviu testemunhas, leu todos os relatórios e usou a informação para criar uma narrativa de suspense. No livro ele critica os métodos do FBI e da CIA e a postura do governo Bill Clinton durante o caso.

A trama teve o seu desfecho em Nova Iorque, na torre norte do World Trade Center, no dia 11 de setembro de 2001. É claro que um romance não prova nada, mas defende muito bem a sua tese. O livro esteve em primeiro lugar na lista dos mais vendidos quando saiu nos EUA.Sorte teve António Borges a desmarcar a viagem à última hora.Ou será que como membro influente da Trilateral, Borges  teve acesso a informações privilegiadas sobre suspeitas de que um atentado estava a ser perpetrado contra um avião da TWA para a data em que iria viajar num avião daquela companhia aérea? Acasos da vida…

Leia mais: http://diariodovale.uol.com.br/noticias/0,67600,O-misterio-do-voo-800-da-TWA.html#ixzz2OY3MABiT

 

19
Mar
13

ANTIGO INSPECTOR DA PIDE FAZ REVELAÇÕES SOBRE O «ANGOCHE» – 40 ANOS DEPOIS DO MISTERIOSO DESAPARECIMENTO DO NAVIO AO LARGO DE MOÇAMBIQUE

oscar (2)Completam-se no próximo mês de Abril 42 anos sobre um dos mistérios mais intrigantes da historia mais recente de Portugal: o desaparecimento do navio Angoche ao largo de Moçambique carregado de bombas para aviões das FAP que operavam naquele antigo território ultramarino. Óscar Cardoso faz a abordagem num livro de Bruno Oliveira Santos (Histórias Secretas da PIDE/DGS (p. 401-402) sobre esse intrigante caso que contou com cumplicidades ao mais alto nível, desde a antiga União Soviética ( crê-se que do KGB), do Partido Comunista Português, quadros da Frelimo ( agora bem instalados no poder em Moçambique).Tão intrigante que, como relata o antigo inspector da PIDE, o processo sobre este assalto sumiu das instalações da antiga Polícia política na Rua António Maria Cardoso logo a seguir ao 25 de Abril de 1974 – assim como outros importantes documentos que manchavam a reputação de altos quadros do PC, os quais foram parar a Moscovo aos arquivos do KGB ( e que serviram par actos de chantagem no pós Revolução em Portugal…)  

Vejamos o que Óscar Cardoso relata sobre o assalto ao Angoche, um caso que, mercê das boas relações agora existentes entre Portugal e Moçambique, poderia desencadear uma investigação mais rigorosa e apuramento de responsabilidades:

“Ingressei em miúdo na Mocidade Portuguesa, quando tive de ingressar. Fi-lo, curiosamente, quando estudava no Colégio Moderno, do Dr. João Soares. Mais tarde entrei para a Legião Portuguesa e frequentei o Instituto Superior de Estudos Ultramarinos. Interrompi o curso para fazer o serviço militar na Índia. Depois fui para a Guarda Nacional Republicana até que, em 1965, entrei para a PIDE. Na estrutura da PIDE, Barbieri Cardoso era inspector superior. Mas depois apareceu São José Lopes, um homem com grande influência em Angola, e era necessário dar-lhe outra situação para compensar o bom serviço que tinha feito. Então, nomearam-no inspector superior do Ultramar. Entretanto, havia na PIDE um indivíduo muito mais antigo do que o Dr. São José Lopes, o inspector Coelho Dias, que era subdirector, e que também queria ser inspector superior. Criaram-se assim os lugares de subdirector-geral para Barbieri Cardoso, de inspector superior do Ultramar para São José Lopes e de inspector superior do Continente para Coelho Dias. Havia uma divisão de tarefas entre os três. A PIDE tinha muito boas relações com todas as polícias e serviços secretos do seu género na Europa e no mundo. É conhecida a ligação de Barbieri Cardoso aos serviços secretos franceses, dirigidos pelo conde Alexandre de Marenches. Mas dávamo-nos bem com todas as polícias congéneres e também com os americanos da Central Intelligence Agency (CIA). Operávamos muito em África, através de informadores, sobretudo nos países vizinhos de Angola, Moçambique e Guiné. Por exemplo, havia informadores na Tanzânia em ligação a Oscar Kambona, o chefe da oposição a Julius Nyerere. Mas o controlo era feito através de Lisboa, pela secção central na António Maria Cardoso, chefiada por Álvaro Pereira de Carvalho. Tínhamos de facto bons informadores em África, onde os nossos serviços faziam um trabalho sobretudo de intelligence, em colaboração estreita com os militares.
angoche (2)Foi precisamente através da nossa rede na Tanzânia que soubemos o que se tinha passado com o navio Angoche. O navio Angoche levava material para a nossa Força Aérea, material sofisticado, essencialmente material explosivo, bombas para os aviões, etc., e creio que ia para Porto Amélia. Soubemos que o Angoche foi abordado em 23 de Abril de 1971 por um submarino da União Soviética e que os seus tripulantes foram levados para a Tanzânia, para a base central da Frelimo, Nachingwea. Foi uma operação executada por soviéticos, o que nos foi possível confirmar pelas análises que fizemos dos vestígios encontrados no barco. A primeira pessoa que fez a investigação a bordo do Angoche foi o inspector Casimiro Monteiro. Verificou que as armas não estavam lá. A tripulação foi levada para Nachingwea e depois, penso eu, terá sido aniquilada. Penso que iam no Angoche à volta de vinte e três pessoas. Mais de metade eram africanos, de Moçambique, e os outros europeus. O navio não era de passageiros mas levava um passageiro a bordo, a quem se deu uma boleia, o que era estranho. Houve uma outra coisa curiosa: a mudança, à última hora, do radiotelegrafista. O radiotelegrafista que era para ir resolveu não ir. Pode ter sido uma mera coincidência, mas é curioso que assim tenha sido. Na nossa opinião, tratou-se de uma operação soviética, feita em colaboração com o Partido Comunista Português. Fala-se que houve oficiais da Marinha, hoje oficiais generais, que estariam envolvidos nisso. Houve também o estranho caso de uma rapariga que foi “suicidada” na cidade da Beira e que estava ligada aos meios esquerdistas da Marinha portuguesa. Esta versão dos factos constou dos nossos relatórios na altura. Tínhamos um relatório secreto sobre o Angoche que desapareceu da sede da DGS, na Rua António Maria Cardoso, depois do 25 de Abril. Foi um dos processos que desapareceram. O caso estava a ser investigado.

NOTA:
A última notícia relacionada com o navio “Angoche” chegou-nos de Fernando Taborda, o último administrador português de Quionga:
“Saiba o povo português que, em Março de 1974, foi descoberta, na foz do Rovuma, uma baleeira do navio “Angoche”, com insígnias começadas por NA confirmada pelo cabo de mar de Palma e que, sobre ela, nunca me foi dada resposta à circular que mandei para a Capitania de Porto Amélia.”
In Quionga, meu amor

UMA ACHEGA:

NAVIO “ANGOCHE”

No dia 23 de Abril de 1971, o navio “Angoche” foi assaltado em alto mar, na costa de Moçambique, quando ia em viagem para o Norte.
Os 22 tripulantes foram levados para a Tanzânia e assassinados em Nachingwea, uma base da Frelimo.
Supõe-se que o assalto tenha sido feito por meios navais soviéticos, talvez um submarino e foram encontradas manchas de sangue no navio, o que prova que foi usada violência contra os tripulantes.
O jornal “Notícias” de Lourenço Marques foi impedido pela Comissão de Censura de divulgar qualquer informação, o mesmo acontecendo com os jornais de Lisboa.
O jornal “Star” de Joanesburgo, que era vendido na esquina do “Continental”, em Lourenço Marques, começou a referir-se ao assunto a partir da última semana desse mês de Abril de 1971. As informações eram poucas e as suposições eram muitas. “Diz-se”, “fala-se”, “supõe-se”…
O mesmo acontecia com a Rádio Brazaville e a Rádio RSA de Joanesburgo, que transmitiam em português. Ou com as emissões em inglês da BBC e da Voz da América. Todas escutadas por mim.
Nunca ouvi a Rádio Moscovo e a “Voz da Frelimo” (através da Rádio Tanzânia) referirem-se ao assunto em Abril/Maio de 1971, apesar de eu as escutar todos os dias para o efeito.
Ainda hoje permanece o mistério sobre o que teria acontecido aos tripulantes e a um provável passageiro, que viajavam a bordo do navio “Angoche”.
Só 3 dias depois, a 26 de Abril de 1971, o navio foi abordado pelas autoridades coloniais portuguesas, pelo que houve quem se interrogasse em Moçambique se não teria sido tempo demais para dar pela falta de um navio daquele tamanho e com uma carga daquela natureza.
Usou-se o clássico raciocínio do “Motivo, Meios e Oportunidade” para tentar perceber o que se tinha passado:
– Motivo e Oportunidade: a Frelimo e a União Soviética, porque o “Angoche” transportava material de guerra;
– Meios: apenas a União Soviética, porque a Frelimo não tinha meios navais para um assalto em alto-mar.
Por motivos óbvios estratégicos e porque um acto de pirataria contra um navio mercante civil não honra particularmente quem o pratica, a URSS nunca falou no assunto.
Quatro anos depois, com o golpe militar de 25 de Abril em Lisboa, desapareceu o relatório secreto sobre o assunto.
Assim se passaram 40 anos sem que a opinião pública tivesse tido o direito de saber o que se passou.
Haverá pessoas daquele tempo que sabem o que aconteceu ou que tiveram acesso ao relatório.
É tempo de quebrarem o silêncio!

12
Mar
13

A MORTE E FUNERAL DE HUGO CHÁVEZ- O GRANDE EMBUSTE

chahttp://www.alertatotal.net/2013/03/a-verdade-foi-enterrada-antes-de-hugo.html?m=0

O blogue Alerta Total, do jornalista brasileiro Jorge Serrão, publica um extenso e documentado trabalho sobre o grande embuste que terá sido o tratamento de Hugo Chávez em Cuba e o posterior envio do cadáver para a Venezuela para servir de gigantesca propaganda à eleição do seu sucessor,Nicolas Maduro. Com a devida vénia, transcrevemos excertos desse artigo que está a provocar furor em todo o mundo sobre a grande mistificação em redor do funeral do carismático líder venezuelano, aproveitado para perpetuar no poder um regime a cair de podre…Um mistério que,certamente, irá perdurar para sempre..

Nos meios diplomáticos e na área de inteligência militar argentina circula uma informação confidencial acerca dos procedimentos ante e pós fúnebres do Presidente e revolucionário inventor da República Bolivariana da Venezuela. A revelação bombástica é que o corpo exibido, cheio de sigilo e segurança, em um super-caixão lacrado, não é de um ser humano normal, deformado por um terrível câncer. O cadáver seria um boneco de cera. O simulacro de um Chávez “embalsamado”.

A surpreendente descoberta de que o corpo no faraônico féretro bolivariano não correspondia ao Hugo Chávez original foi da “Presidenta” da Argentina Cristina Kirchner. A grande amiga de Chávez estava escalada para fazer o mais emocionado discurso politico do velório. No entanto, Cristina se sentiu enganada no momento em que chegou perto do defunto. Ficou tão revoltada e contrariada que arranjou uma desculpa esfarrapada para voltar urgentemente a seu país – deixando até sem carona o presidente uruguaio José Mujica, que com ela veio até Caracas.

A explicação bombástica para o retorno súbito de Cristina é relatada pela inteligência militar argentina. Cristina teve um choque emocional quando se viu envolvida na farsa bolivariana montada para o velório de Chávez. Não acreditando no que seus olhos lhe mostravam, Cristina escalou uma oficial ajudante-de-ordens para investigar, de imediato, se não estaria diante de uma “brincadeira de mau gosto com a morte de alguém que lhe era muito querido”.

A oficial argentina interpelou um alto-membro do Exército pessoal de Chávez – que praticamente confessou a armação: ali não estava o corpo original do amado comandante. A militar transmitiu a informação imediatamente para Cristina – que surtou. Saiu esbravejando do Velório para o hotel, avisando que não mais faria o discurso para um boneco. O presidente imposto da Venezuela, Nicolas Maduro, tentou convencê-la do contrário, sem sucesso. Cristina voltou voando para casa.

A Presidenta Dilma Rousseff, que levava o ex Luiz Inácio a tiracolo, foi informada do incidente. Dilma e Lula deram uma breve olhada no caixão de Chávez, conversaram rapidamente com os presentes, e também foram embora o mais depressa possível – alegando coisas urgentes a serem resolvidas no Brasil. A exemplo de Cristina, não quiseram participar da farsa completa do sepultamento daquele que era o líder operacional-militar do Foro de São Paulo (organização que reúne as esquerdas revolucionárias, guerrilheiras ou simplesmente gramcistas na América Latina e Caribe).

História à parte do “boneco de cera” – uma versão completamente não-oficial das exéquias de Chávez -, tudo em torno de sua morte soa como uma grande farsa, digna do mais cínico e mentiroso socialismo bolivariano que transformou a Venezuela em um país em decomposição política, econômica e social. Tudo indica que Hugo Chávez já veio morto de Cuba – onde morreu não de problemas diretamente relacionados ao sarcoma que sofreu metástase.

O que levou Chávez realmente deste para outro mundo foi uma brutal infecção hospitalar, que detonou-lhe o pulmão. Tal fato jamais será admitido oficialmente, já que a lenda-dogma comunista prescreve que a ilha perdida dos irmãos Castro tem “uma das medicinas mais avançadas do mundo”. Caso tivesse se tratado no Brasil – como fizeram Dilma, Lula e o ex-presidente paraguaio Fernando Lugo -, Chávez poderia estar vivinho da silva… Azar dele que o Hospital Sírio Libanês não aceitou receber milhões para tratar, sem transparência e em “segredo socialista”, do grave caso médico.

Outro fato que a inteligência dos Estados Unidos já deixou bem evidente nos meios diplomáticos. Chávez morreu, provavelmente, no começo de janeiro. O prolongamento mentiroso de sua vida foi apenas uma armação para permitir a inconstitucional posse de Nicolas Maduro, através da geração de um dramalhão popular em torno da torcida pela “salvação” e cura do bem amado mito Chávez. O problema para o regime venezuelano é que o atraso na revelação da verdade contribuiu para as mentiras aflorassem…

A tendência política na Venezuela é de vitória eleitoral do presidente imposto Nicolas Maduro, na eleição marcada para 14 de abril. Mas a temporada de brigas internas e traições entre os bolivarianos é só uma questão de pouco tempo. Embora tenha sido motorista de ônibus profissional, antes de cair no mundo fácil da vida sindical praticamente sem trabalho, Nicolas não está maduro para liderar a revolução bolivariana. Chávez é insubstituível. E como um mito nunca morre, deve assombrar Maduro – que terá de suportar às pressões da oposição, em crescimento natural, e as traições e rebeliões internas que devem surgir principalmente na área militar venezuelana (em franca divisão e conflito entre Exército e Marinha).

O socialismo bolivariano implodiu a Venezuela. A demagogia seduziu o eleitorado pobre ou miserável – sempre a massa moldável de manobra de toda a História. Mas as classes média e alta da Venezuela comem o pão que o Chávez amassou. A moeda de lá – o bolívar – vale tanto quando a verdade para os ideólogos socialistas.  A crise de desabastecimento de produtos básicos é assustadora. A inflação totalmente fora de controle. O desemprego só aumenta. A estatal petrolífera PDVSA opera em regime de ineficiência. A grana dos petrodólares é usada mais para demagogias que para investimento em infraestrutura real.  

As instituições venezuelanas encontram-se em decomposição. O Judiciário é uma desmoralização só. O Legislativo uma peça manipulada pelo Executivo autoritário e arbitrário. A ingerência ideológica de elementos do aparelho repressivo cubano no governo bolivariano é um fenômeno politicamente dantesco. O nível de corrupção venezuelano é de fazer inveja ao mais escroto mensaleiro no Brasil. A Venezuela tem tudo de pior que pode ter um país de terceiro mundo, subdesenvolvido, cheio de desigualdades e onde explode uma onda de violência sem perspectiva de controle.

A situação venezuelana pouco fede ou cheira para o Brasil. Problemas concretos são apenas dois. O calote da da PDVSA na parceria com a Petrobrás na superfaturada refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, ainda longe de sair do papel. Outro rolo são os empréstimos a perder de vista do BNDES tupiniquim para grandes empreiteiras brasileiras fazerem mega-obras – também superfaturadas – em terras bolivarianas. No mais, a Venezuela tem relação comercial pífia com o Brasil

Uma previsível queda do regime bolivariano – que é questão de pouco tempo – pode gerar um efeito cascata (sem trocadilho) entre os países afetados pelo câncer ideológico e ideocrático do Foro de São Paulo. A primeira vítima de uma pós-derrocada venezuela deve ser a Argentina – onde as coisas vão de pior a mais ruim ainda na gestão da Cristina. Cuba também deve ter ainda mais problemas se a casa bolivariana desabar. O resto entra no tradicional “efeito orloff” (vodca que se consagrou com o lema publicitário “eu sou você amanhã”).

A prematura morte do comandante Chávez custará muito cara aos regimes de democradura e capimunismo do Foro de São Paulo. A metástase política já começou, com muitos tumores políticos entrando em fase de implosão. Resta esperar para ver como a araruta cancerosa vai se transformar em mingau estragado pelas mentiras comunizantes.

Ainda bem que não existe mal que sempre dure e nunca acabe… Reflitamos sobre a representação da imagem falsificada de Hugo Chávez (no topo do artigo) para constatarmos que tudo de bom ou ruim sempre tem um fim…

PS – Que sorte deu o José Dirceu – que deveria agradecer ao Joaquim Barbosa: de que adiantaria viajar para a Venezuela apenas para ver um simples boneco inanimado do falecido amigo e patrão em milionárias consultorias?

Vida que segue… Ave atque Vale! Fiquem com Deus.

O Alerta Total tem a missão de praticar um Jornalismo Independente, analítico e provocador de novos valores humanos, pela análise política e estratégica, com conhecimento criativo, informação fidedigna e verdade objetiva. Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor. Editor-chefe do blog e podcast Alerta Total: http://www.alertatotal.net. Especialista em Política, Economia, Administração Pública e Assuntos Estratégicos.

© Jorge Serrão. Edição do Blog Alerta Total de 10 de Março de 2013.

 

09
Mar
13

PJ INVADE CASA DE JORNALISTA MANSO PRETO E APREENDE MATERIAL DE TRABALHO – COMEÇOU A «CAÇA ÀS BRUXAS» NO JORNALISMO DE INVESTIGAÇÃO

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Correm tempos perigosos para a liberdade de imprensa em Portugal, especialmente para o jornalismo de investigação, o pouco que existe ainda independente, que conseguiu sobreviver às diversas «capelinhas», estejam elas instaladas no poder económico e politico, ou nos meandros policiais – e dizemos policiais, pois desde que a actual procuradora geral da República tomou a peito como uma das medidas primordiais o combate às fugas do segredo de justiça, instalou-se uma espécie de caça às bruxas no aparelho judicial…e Manso pode ser uma das primeiras vítimas.Com efeito,o poder há muito que fez incidir sobre o jornalismo livre a sua ira, tendente a impor silêncios e cumplicidades, não vá a justiça que temos ser posta em causa, especialmente,a sua ineficácia…

Tudo aconteceu ontem, sexta feira, quando a  Polícia Judiciária (PJ) realizou uma busca à residência de José Luís Manso Preto em Viana do Castelo e apreendeu computadores e outro material de trabalho do jornalista freelancer, conhecido pelas suas investigações sobre crime organizado e narcotráfico, especialmente as redes galegas há muito controladas por «capos» colombianos que têm no terreno muitas cumplicidades, ao que se diz, até de algumas autoridades…

O Sindicato dos Jornalistas (SJ) considerou esta diligência “manifestamente ilegal”. Num comunicado emitido na sexta-feira à noite, o SJ reclama ao Tribunal de Instrução Criminal do Porto a anulação da diligência e a restituição do material apreendido e lembra que o jornalista invocou “expressamente o segredo profissional”. Nota ainda que “a busca não foi presidida por um juiz de instrução nem acompanhada pelo presidente do Sindicato dos Jornalistas, que deve ser expressamente convocado para o efeito”, como determina o Estatuto do Jornalista.

Apesar das advertências do presidente do SJ, que se “dirigiu ao local apenas para prestar auxílio ao jornalista” e avisou os elementos da PJ de que “iria ser levantado o incidente de protecção do sigilo profissional”, os agentes invocaram “instruções do Ministério Público” e “insistiram em apreender os equipamentos”. Para garantir a “inviolabilidade” do material até à decisão judicial sobre o incidente, “foi exigida a selagem dos equipamentos”.

Razões obscuras na génese desta operação rocambolesca? O motivo é que Manso Preto se movimenta muito bem no meio dos galegos barões da droga ( ver vídeo em anexo),sabe como  entra e por onde entra o pó branco,enfim sabe muito e a PJ quer trabalho feito e então vai buscar os computadores pois lá há de certeza nos arquivos muito nome de fontes e de suspeitos envolvidos no tráfico.

Sublinhe-se que em 2004, Manso Preto foi condenado a uma pena de 11 meses de prisão, suspensa durante três anos, por crime de desobediência ao tribunal pela recusa em revelar as suas fontes profissionais num processo relativo a tráfico de droga, em que era testemunha no julgamento dos célebres irmãos Pinto, os dois camionistas envolvidos nos acontecimentos relacionados com  o corte da Ponte 25 de Abril ( era Dias Loureiro o ministro da Administração Interna…) e que acabaram condenados por tráfico de droga

Manso recorreu da decisão e o Tribunal da Relação deu-lhe razão absolvendo-o do crime e lembrando que “não estava obrigado a prestar testemunho”, porque era “preponderante no caso o seu direito ao sigilo profissional”. Na altura, o jornalista considerou que o seu dever de manter o anonimato das fontes era “uma questão de dignidade, carácter, moral e ética”. Numa entrevista à RTP, garantiu que iria manter o segredo das fontes “até às últimas consequências”.Não esperava era esta investida da PJ ontem realizada o que nos à memória de anos passados, de um Estado prepotente que recorria às polícvias para calar e investigar vozes incómodas.

O caso foi na altura inédito em Portugal e tornado possível pelo artigo 135.º do então novo Código de Processo Penal, revisto em 1998, relativo ao “Segredo Profissional”, e que permite a um tribunal superior ao que está a julgar o caso pode decidir que o jornalista deve divulgar a fonte, quando considerar, por exemplo, que as suas informações são determinantes para o desenrolar do processo. A Constituição da República Portuguesa, que se sobrepõe às leis ordinárias, estabelece no entanto, no artigo relativo à Liberdade de imprensa e meios de comunicação social que os jornalistas têm o direito “ao acesso às fontes de informação e à protecção da independência e do sigilo profissionais”.

 

06
Mar
13

SÓ NOS USA…

euaUma lei recentemente aprovada nos USA (desconhecemos se é uma lei federal ou estadual) proíbe os estudantes de usar as camisas ou t-shirts por fora das calças. Parece aberrante, mas ao verem o vídeo anexo vão compreender…só nos EUA podem acontecer coisas destas…

https://mail.google.com/mail/u/0/?ui=2&ik=8263064873&view=att&th=13d3da8a414afbcd&attid=0.1&disp=safe&realattid=9d0b2c13e2c1409e_0.1&zw

04
Mar
13

AMORIM CONTINUA SER O HOMEM MAIS RICO DE PORTUGAL – QUEM DIRIA QUE NO PASSADO CHEGOU A SER ACUSADO DE ANDAR A ROUBAR CORTIÇA NAS UCP

amorim3_PAGINAA revista Forbes continua a considerar Américo Amorim o homem mais rico de Portugal. Tal como acontecera há um ano,o Rei das Cortiças, Alexandre Soares dos Santos e Belmiro de Azevedo são os três nomes portugueses numa tabela liderada, pelo quarto ano consecutivo, pelo mexicano Carlos Slim, cuja fortuna está agora avaliada em 73 mil milhões, mais 4 mil milhões do que em 2012.

Américo Amorim, dono da Corticeira Amorim, vê a sua fortuna avaliada em 4,1 mil milhões de dólares, menos 300 milhões do que no ano passado devido, explica a revista, à queda no preço das ações da Galp Energia, o ativo mais valioso do empresário de 78 anos. Essa queda explica a perda de 74 posições na lista: Américo Amorim continua a ser o português mais cotado, mas agora na 316ª posição.

Como este blogue se faz de memórias,aqui respigamos factos do passado envolvendo o Rei das Cortiçads e que,de certa forma,explicam a sua ascensão meteórica no grupo de homens mais ricos de Portugal…uma vida digna de um filme!

Américo Amorim não tem quaisquer pruridos em divulgar histórias sobre a sua infância difícil, propalando-as como se fossem exemplos de vida para as novas gerações. Conta que só deixou de usar sapatos de madeira depois do exame da quarta classe, que ia descalço para a escola, que subiu a pulso na sua escalada empresarial. Mas, asseguram-nos, as coisas não terão sido bem assim. Américo Amorim nasceu mesmo no seio de uma família abastada e o seu avô, no século IXX, já era um dos grandes produtores de vinho do Porto no Douro. Só mais tarde iniciou a sua actividade no ramo da cortiça, que depois passou para os seus filhos, nomeadamente os seus pais. Foi o tio, Henrique Amorim, nascido em 1902 e falecido em 1977,o grande responsável pela ascensão da empresa de cortiça para o topo do ramo em Portugal. Henrique Amorim morreu solteiro, sem filhos, e deixou a herança aos sobrinhos. Tudo, excepto o famoso Museu da Cortiça, que guarda no seu espólio preciosas obras de arte em talha de madeira, à mistura com peças referentes à indústria do sector. Terá sido mesmo este Museu uma «espinha» encravada no relacionamento familiar. Américo Amorim e os seus irmãos nunca terão perdoado ao tio o facto de não lhes ter sido doada a gestão do Museu, que viveu tempos difíceis depois da morte do seu criador. As obras de arte em talha continuam bem tratadas, mas a sala dedicada à cortiça foi completamente esquecida.

Os novos ventos que sopraram do Leste, com a queda do comunismo, terão afectado o império de Amorim. Os mesmos mercados que, no início, se mostraram decisivos no arranque do seu império dourado. Antes e no pós 25 de Abril, não se conhecia a barricada que Américo Amorim decidiu trilhar. Para o «Rei das Cortiças», o objectivo era concretizar um bom negócio, aproveitando os mercados, as situações, o enquadramento político, fossem quais fossem os parceiros ou os métodos escolhidos.

E, no passado, choveram histórias que alimentaram o mito daquele que é um dos homens mais poderosos do planeta. Como aconteceu em Novembro de 1989, quando o semanário romeno, «Contrast», ligou as empresas de Amorim à tenebrosa polícia secreta «Securitate» do ditador Ceausescu .O artigo abordava a actividade desenvolvida por dois elementos conotados com a «secreta» romena, os coronéis Dragos Diaconescu e Gheorge Volniov, no desbloqueamento de várias situações conflituosas surgidas no relacionamento comercial da empresa corticeira através de um escritório que possuíam na Roménia designado «Argus».

O jornal citava os eventuais benefícios concedidos ao grupo português ao concretizar contratos a «preços vantajosos», apesar de existirem ofertas mais rentáveis oferecidas por outras firmas estrangeiras. O «Contrast« fazia referência a declarações do representante do Grupo na Áustria, Gerert Schisser, de que a «Argus teria beneficiado a sua empresa quando assinaram contratos com firmas romenas».Mencionou o facto do coronel Diaconescu «ter obrigado a firma romena Vitrocin a comprar à Amorim aceitando preços propostos por esta última».

Mas vem a talhe de foice lembrar que os contactos comerciais de empresários portugueses com a extinta URSS ultrapassavam o mero pagamento de percentagens. Muitas vezes, para obter essas benesses eram exigidas outras contrapartidas, obtidas através do fornecimento de segredos militares e outros respeitantes a tecnologias de ponta, casos que chegaram a ser analisados pelos serviços de informação ocidentais e pelos novos responsáveis do Kremlin. Um dos quais envolveu uma deslocação dos jornalistas José Leite (antigo chefe de redacção do semanário «o Diabo») e Nuno Rogeiro (o actual comentador da SIC era então sub-director do «Diabo») ao Norte do País, onde tiveram um encontro confidencial com um ex- responsável de uma grande firma de extracção comercial de cortiça, Jaime Nunes de Amorim, com quem se tinha envolvido em litígio laboral. A «vingança» do despedido (que, entretanto, conseguiu ganhar a disputa em tribunal) foi revelar aos dois jornalistas um negócio de passagem de segredos militares que ele próprio havia testemunhado como responsável directo. Contou ele que, através de um seu agente em Viena, o patrão obtivera um volumoso contrato com uma empresa que fabricava, em Roterdão, submarinos sofisticados para a NATO. Esse grande empresário português fornecia materiais de isolamento de compartimentos dos submersíveis, feitos de borracha e cortiça comprimida. Segundo nos referiu essa nossa fonte, o negócio só se concretizou quando esse grande capitalista nortenho prometeu aos representantes de uma empresa pública soviética que lhes iria entregar um «dossier» completo sobre os submarinos (do tipo Dolfijn e Zwaardvis), com a indicação das «performances» em velocidade, propulsão, armamento e sistemas electrónicos.

Transcrevemos parte do diálogo publicado por aquele semanário:

– Durante as negociações eles fizeram perguntas: que submarinos? Quantos? Quais as suas características?

– O relatório foi entregue a um dos soviéticos que o levou para a URSS.»

– A sua empresa forneceu mais informações à URSS?

– Sim, no final da década de oitenta. Eram informações sobre um produto industrial estratégico norte-americano resistente às altas temperaturas. Tinha aplicação no fabrico de equipamentos militares e nos aviões. Tratava-se de uma matéria-prima que a empresa importava dos Estados Unidos para acrescentar a um outro componente de forma a obter esse produto final com essas características. Foram desviadas para a URSS amostras desse produto que o Governo americano considerava de grande valor estratégico. 

Em 1991 rebenta em Portugal o chamado «Watergate Vermelho»: a Federação Russa tornou públicos os nomes de empresários e empresas, além de dirigentes e militantes do PCP, militares ligados às estruturas da NATO, funcionários de institutos científicos ligados à alta tecnologia envolvidos em negócios escuros e missões de espionagem.

Na mira dos dirigentes da «Primavera russa» estava o PCP de Cunhal e um conjunto de empresas portuguesas – entre as quais, o Grupo Amorim – que teriam recebido ajuda financeira do PCUS (Partido Comunista Soviético), a par, por exemplo, da Vesper do Almirante Rosa Coutinho ( que privilegiou os contactos com Angola),a ETEI (mais ligada a Moçambique), Metalquímica, Planco e o jornal «Avante».Esse universo empresarial dos amigos do PCUS era coordenado pela «holding» Numérica ( doc 3) que, por sua vez, prestava contas junto do PCP.O escândalo envolvia ainda o pagamento de comissões (proibidas pela URSS, ou não fosse esse, segundo a propaganda então vigente, um dos males do capitalismo…) por parte das empresas que pretendiam efectuar  negócios com o Leste.

Ao tentarem estabelecer contactos comerciais com a URSS, há muito tempo que os empresários portugueses esbarravam com esse núcleo forte de empresas conotadas com o PC de Cunhal e que gozavam de intermediários privilegiados. Foi com a finalidade de derrubar esse «muro» que, em Outubro de 1988,se deslocou à URSS uma missão da Associação Industrial Portuguesa liderada pelo então presidente, Jorge Rocha de Matos. Este chegou a exprimir a sua mágoa numa entrevista ao «Diabo» pelo malogro da «missão»: «O acordo com a Câmara do Comércio e Indústria da URSS nunca foi possível de implementar pois havia canais privilegiados para se venderem produtos à União Soviética. Desconhecia qual o esquema utilizado mas, à boca pequena, toda a gente dizia que havia interesses em beneficiar um determinado partido político. Diligenciámos junto dos representantes do comércio e da indústria da URSS no sentido de lhes fazer crer que havia vantagens mútuas em acabarem com esses intermediários. Assinámos um acordo nesse sentido, mas nunca foi possível implementá-lo».

 Em declarações que então prestou à Comunicação Social, Jorge Armindo, vice-presidente do Grupo Amorim desmentiu, de forma categórica, que a sua empresa tivesse recebido dinheiro do Orçamento do Estado soviético: «Mantemos relações comerciais com a URSS há mais de 35 anos e nunca utilizámos intermediários. Estabelecemos canais próprios de distribuição através de uma empresa na Áustria», disse.

Faltou falar nos outros canais na Roménia e quem eram os contactos…como vimos, coronéis da «secreta» de Ceausescu, acima de qualquer suspeita…

Do Alentejo, com amor…

Mas foi através de uma entrevista publicada no semanário «o Diabo» com um detido em Pinheiro da Cruz, João Mataloto Freira, representante no distrito de Setúbal do PCP para as questões agrícolas e membro da Associação Portugal/URSS, que muitos segredos sobre do grande roubo perpetrado em nome da reforma Agrária foram desvendados.Referimo-nos à «subtracção» da cortiça por grandes empresários do norte que se encontrava à guarda das UCP alentejanas.

Determinava a lei que o produto pertencia ao Estado. Era este que, através de um organismo próprio – inicialmente a Administração Florestal, posteriormente o IGEF (Instituto de Gestão e Estruturação Fundiária) – promovia a sua venda através de concurso público. Acontece que, dias antes da transacção, pela calada da noite, a cortiça desaparecia das propriedades e era carregada em camiões rumo a empresas transformadoras do Montijo e do Norte do País, delapidando o Estado em muitos milhões de escudos. Vários empresários, guardas florestais, elementos da GNR e responsáveis das cooperativas chegaram a ser julgados e condenados por roubo de cortiça. Sabe-se que, durante esse período de «salvaguarda da Reforma Agrária» (os objectivos eram mais comerciais e de financiamento partidário do que políticos), houve cooperantes que ergueram prédios do outro lado da fronteira (Badajoz) à custa das comissões recebidas. 

Às críticas verrinosas que os apontavam como estando directamente envolvidos neste negócio pouco claro, os irmãos Amorim clamavam a sua inocência. Até mesmo quando surgiram essas declarações bombásticas em Janeiro de 1990 ( no jornal «o Diabo») denunciando o comprometimento de grandes grupos empresariais do Norte, entre os quais o Grupo Amorim, nos desvios de cortiça das herdades alentejanas, em cumplicidade com os agentes locais do PCP e responsáveis das UCPs.

Nas cartas que revelou quando estava detido em Pinheiro da Cruz, onde cumpria pena de nove anos de cadeia por burla agravada, processo em que diz ter sido «enrolado» pelo PC de Alcácer do Sal (e por se ter sentido traído pelos «camaradas» de partido resolveu desabafar), Mataloto Freira explicava como se processava a golpada altamente penalizadora para os cofres do Estado: «A cortiça representava uma grande fonte de rendimentos para as cooperativas, já que esse dinheiro permitia, ao fim do ano, tapar os défices de uma gestão ruinosa. Quando saiu a Lei da Cortiça, as cooperativas deixaram de receber essas elevadas verbas. Apenas lhes era paga a extracção, o carrego e o empilhamento a um tanto por arroba, e mais nada, ficando a cortiça a ser pertença do Estado que se encarregava da sua venda. Numa reunião efectuada no Partido, que contou com a presença de representantes de todas as cooperativas filiadas na União, foi decidido que cada uma se deveria desenvencilhar no sentido de fazer algum dinheiro com a cortiça. Contactámos vários compradores e estes mostraram-se abertos a comprar cortiça às UCPs pela “porta do cavalo”.Isto é, quando a cortiça era retirada da árvore, uma parte ia para a pilha que se determinava fazer nas herdades sob orientação dos Serviços Florestais; uma outra, era carregada em camionetas do comprador e levada para a fábrica ou para uma herdade onde este tivesse feito um negócio legal (caso do Amorim), saindo como se toda ela fosse oriunda dessa propriedade».

«E assim, com o meu conhecimento, foram transaccionadas as seguintes quantidades de cortiça só para o comprador Amorim e Irmãos de Santa Maria da Feira: Cooperativa Cravos Vermelhos (76.179 arrobas); Vitória do Sado ( 53 mil); Albergue ( 29.600): Soldado Luís (47 mil);Casebres ( 20.600) 17 de Maio( 37.900); 1º de Janeiro ( 5 mil); Poder Popular ( 3600)»

Contou  Mataloto Freira que o dinheiro resultante destes negócios era contabilizado (quando não era logo dividido entre os cooperantes) como venda de gado ou arroz. «Em alguns casos, as cooperativas até pouco gado tinham e outras nem arroz produziam», conta. Era o PCP quem enviava contabilistas de Lisboa, os quais, «voluntariamente davam uma ajuda ao cooperante que estava no escritório para o ajudar a encontrar maneira de contabilizar estas entradas de dinheiro da melhor maneira» …

João Mataloto Freira afirmou que muitas dessas suas denúncias – inclusive, os nomes dos grandes empresários envolvidos – foram encaminhadas para a PJ, estranhando que ao longo de décadas, apenas o «peixe miúdo» tivesse respondido perante a justiça. Nos tribunais de Beja e Portel, nos anos noventa, correram vários processos citando uma empresa do Grupo Amorim, a «Flocor», por alegado comércio ilegal de cortiça, factos que foram judicialmente inocentados.

Américo Amorim era tido com o um personagem que evitava envolver-se directamente nos negócios no Alentejo. Tinha os seus «testas de ferro» – João Mataloto fala na intervenção de um irmão, José Amorim, que referencia nas cartas que nos entregou – que contactavam os responsáveis das UCP e desbloqueavam as situações mais complicadas.

Um representante do Grupo na região chegou mesmo a receber um telex assinado por Américo Amorim onde este lhe dava instruções para contactar funcionários da Direcção Geral de Florestas de Évora no sentido que fosse libertada a cortiça depositada na Herdade do Panasquinho que tinham sido apreendida, encontrando-se parte do produto a apodrecer há mais de um ano em dois camiões apresados pela GNR num parque da capital alentejana. E o certo é que a matéria-prima foi libertada como por encanto, o que comprova a «força dos argumentos» deste grupo empresarial…

«Atendendo a que me parece que a PJ e não só, apesar de me terem ouvido por duas vezes e dizerem que iam actuar, nada terem feito até agora, certamente porque se trata do grande Amorim que até era do MASP (Movimento de Apoio a Mário Soares à Presidência), entendo actuar desta maneira», refere João Mataloto Freira explicando os motivos pelos quais acedeu a ter este contacto com um jornalista de «o Diabo».

Essas sombras do seu passado em nada parecem ter beliscado aquele que é detentor de uma das maiores fortunas do país e do Mundo. E que soube, como ninguém, gerir a sua imagem entre os poderosos, qualquer fosse o poder vigente. Na sua Herdade do Peral, em Évora, que adquiriu a Jorge de Mello, em 1987,por um milhão de euros, oferece lautas refeições e aprazíveis convívios aos maiorais do regime. Dias Loureiro, o antigo homem forte do BPN e antigo Conselheiro de Estado, Mira Amaral, ex-ministro da Indústria e homem forte da banca angolana, Manuel Vilarinho, ex-presidente do Benfica são alguns dos parceiros de caçadas. Américo Amorim é um excelente relações públicas, ou seja, sabe vender o seu negócio e imagem, das esquerdas às direitas…sobrevivendo a tudo e a todos, até aos regimes.




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Blogue sobre coisas secretas, segurança e criminalidade, onde o que parece, quase sempre, é…

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