O pessoal dos Portos, que ao contrário de um qualquer gabinete de organismo público, ou mesmo de advogados, sabe bem o que é do interesse de todos e não de apenas alguns, está em total sintonia na oposição a um estudo da Autoridade da Concorrência que defende a redução dos prazos dos contratos de concessão nos portos portugueses. A mesma Autoridade da Concorrência que não procurou nem encontrou as famosas comissões.
Como bem revela o título do jornal do setor, este é um estudo onde ninguém se revê, ou melhor, em que ninguém que esteja seriamente preocupado com a competitividade dos portos nacionais se revê, já que há quem, há semelhança do fascínio das comissões, também ande fascinado com o mar de possibilidades que uma redução dos prazos das concessões podia propiciar.
Os iluminados pouco ligam que, de todas as frentes, surjam vozes que não só não concordam com a redução dos prazos de concessão, mas, muito pelo contrário, expliquem que, há semelhança do que se passa no resto da Europa, os prazos de concessão devem ser alargados, em nome da competitividade, da melhor prestação de serviços e de menores custos para quem aos portos recorre.
Deveria ser simples perceber que se é dada a uma empresa uma concessão para operar num porto, quanto maior o prazo de concessão, mais garantias a concessionária tem de recuperar o investimento que tem de fazer para prestar a atividade, podendo assim praticar preços mais baixos, uma vez que os custos de investimento se diluem mais no tempo. Recuperar um milhão em 10 anos não é o mesmo que poder fazê-lo em 50.
Mas, a complexidade dos interesses próprios não é compatível com o bom senso. E esses interesses muito próprios aplaudem um estudo, que tem ainda a particularidade de manifestar uma vontade de criação da “lei” pelo “polícia” [a Autoridade da Concorrência]. Era só o que faltava agora era ser a polícia a ditar as leis!